“E quando o tempo é de Copa, os gringo [sic] fica ligado”, entoa Marcelo D2 em um dos trechos da música “Sou Ronaldo”, em tributo à carreira de Ronaldo Nazário, o Fenômeno. No entanto, não só os estrangeiros ficam atentos a cada Copa do Mundo e às nuances que o evento mais simbólico do universo do futebol sustenta. Quem também esfrega as mãos a cada edição do torneio organizado de quatro em quatro anos pela Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado), são os colecionadores de álbuns da Copa e donos de bancas de revistas e jornais, onde comumente são comercializados o item e as figurinhas.
E mesmo inflacionados, com álbum de capa mole a R$ 12 e pacote com cinco figurinhas a R$ 4, a versão do álbum da Copa do Catar, lançada oficialmente pela Panini no dia 19 deste mês, possui alta demanda em Presidente Prudente e algumas bancas no município já não a têm em seu estoque.
O dono da banca de revistas do Jardim Morumbi, Valdir Toshio Isogai, pontua que, mesmo com o aumento do preço em relação à versão da Copa da Rússia, em 2018, onde o álbum custava R$ 7,90 e o pacotinho R$ 2, a procura é tão grande quanto há quatro anos atrás. “Está tendo uma boa saída, vendendo bem. Mesmo com este preço alto, não tem nada que deixou a desejar da Copa passada, não. Mesmo assim, o pessoal até reclama, mas está vindo comprar”, conta o vendedor, que tem a banca desde 2008 e comercializa o álbum desde a Copa do Mundo da África do Sul. “É uma tradição. Chega a época da Copa e o movimento aumenta bastante mesmo viu”, completa Valdir.
Na Revistaria J. Fonseca, ao lado da unidade do Supermercados Nagai no Jardim Paulista, o vendedor José Pinto da Silva conta que recebeu uma quantidade razoável de álbuns na primeira leva e todos já foram vendidos, superando sua perspectiva de baixa demanda neste ano. “Na verdade, minhas expectativas [de venda] se frustraram. Tanto é, que pedi uma quantidade de álbuns e já as vendi. Tudo que recebi já vendi”, informa José.
Frente aos tapumes do canteiro de obras que se tornou a Praça da Bandeira desde o início da reforma do camelódromo, a dupla Marilda Aparecida Hogera Rodrigues e Marildo Alberto Hogera, que gerencia a banca de jornais e revistas do local, tabela bem como Romário e Bebeto na Copa de 94, ao contar que está impressionada com a grande demanda pelo álbum e as figurinhas da Copa do Mundo do Catar. “Mesmo com o aumento [de preço], o pessoal está vindo atrás. Estou impressionada”, conta Marilda. “
“Tem aqueles que são incentivados pelos pais, pelas mães ou avós. Tem aqueles que colecionam desde os 8 ou 10 anos e hoje estão com o dobro da idade. Tem alguns que já são casados, com filhos, e estão vindo atrás do álbum também”, confidencia Reinaldo Sanches Goulart, dono da Banca do Tênis, na Avenida Manoel Goulart. “Acredito que de 7 a 70 anos todos estão procurando este álbum de figurinhas”, completa Reinaldo, que há 20 anos, desde o pentacampeonato da Seleção Canarinho no Japão e na Coreia do Sul em 2002, comercializa o álbum da Copa do Mundo.
ENCONTRO DE GERAÇÕES
Reinaldo é o idealizador dos encontros de troca de figurinhas no município. Ele revela que antes mesmo do lançamento oficial já estava sendo questionado pelos colecionadores a respeito do encontro. “Já é uma tradição. Comecei lá em 2002. Estou sendo cobrado já tem uns 20 dias se eu vou fazer novamente. Já foi confirmado e vamos iniciar os encontros no comecinho de setembro”, indica, com certo ar de tranquilidade, o vendedor.
Reinaldo ilustra o que ele considera como a essência do encontro. “É um momento de encontro de gerações”, sintetiza. “Quando você vem aqui e vê, vai reparar uma criança de 7 anos conversando com um senhor de 70, que ela nunca viu na vida dela, perguntando se tem alguma figurinha para trocar. Vai reparar em uma senhora grávida conversando com um rapaz, que há um minuto antes, ela nunca tinha visto na vida”, narra o comerciante sobre as situações hipotéticas dos momentos de trocas. “Ou seja, todo mundo desarmado, todo mundo na amizade, na consideração e passa o dia trocando figurinha e quando eles percebem já foi o almoço, já está na hora da janta e está aqui o pessoal trocando figurinha”, completa Reinaldo.
Caio Gervazoni / O Imparcial
Marilda, da Praça da Bandeira, está impressionada com alta procura pelo álbum e figurinhas
Reinaldo, dono da Banca do Tênis, é idealizador dos encontros de troca de figurinhas em Prudente
