A meningite é uma infecção que atinge as meninges (membranas que recobrem o cérebro) e a medula espinhal, afetando toda essa região e dificultando o transporte de oxigênio para as células. Segundo a infectologista Camila Alves Mendonça Bravo, a meningite é uma doença complicada, que pode ser causada por diversos agentes: bactérias (Neisseria meningitidis-meningococo, Streptococcus pneumoniae-pneumococo, Haemophilips influenzae), vírus (enterovius, Herpes simples, Varicela zoster, entre outros), fungos e parasitas. As meningites também podem ter origem em processos inflamatórios, como câncer (metástases para meninges), lúpus, reação a algumas drogas, traumatismo craniano e cirurgias cerebrais.
De acordo com a infectologista, existem dois grupos de meningite: as virais e as bacterianas. “Elas se diferem pelo agente causador. Ambas são importantes, com sintomas semelhantes, porém, a meningite bacteriana é mais grave dentre elas. A N. meningitidis é a bactéria com maior prevalência entre crianças [lactentes e no primeiro ano de vida], adolescentes e adultos jovens, com risco de adoecimento aumentado em surtos. Esta bactéria pode desenvolver a meningite meningocócica e a meningococcemia é a forma mais grave. A S. pneumoniae tem maior prevalência em idosos e portadores de doenças crônicas ou imunossupressores”.
Em Presidente Prudente, no início do mês, o Instituo Adolpho Lutz,em São Paulo, confirmou o diagnóstico de meningite bacteriana para a morte de uma menina de quatro anos.
As meningites bacteriana e viral, segundo a médica, apresentam sintomas semelhantes, porém, a meningite bacteriana é geralmente mais grave. Os sintomas incluem: febre, dor de cabeça e rigidez de nuca. Muitas vezes há outros sintomas, como mal-estar, náusea, vômito, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz) e confusão mental. Com o passar do tempo, alguns sintomas mais graves de meningite bacteriana podem aparecer, como: convulsões, delírio, tremores e coma.
A médica acrescenta que em recém-nascidos e bebês, alguns dos sintomas podem estar ausentes ou difíceis de serem percebidos. “O bebê pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou parecer letárgico ou irresponsivo a estímulos. Também podem apresentar a fontanela [moleira] protuberante ou reflexos anormais”.
Na septicemia meningocócica (também conhecida como meningococcemia), que é uma infecção na corrente sanguínea causada pela bactéria Neisseria meningitidis, além destes sintomas, podem aparecer outros como: fadiga, mãos e pés frios, calafrios, dores severas ou dores nos músculos, articulações, peito ou abdômen (barriga), respiração rápida, diarreia e manchas vermelhas pelo corpo.
Camila alerta que a transmissão da meningite é de pessoa para pessoa, por eliminação da bactéria e vírus pela via respiratória, através da tosse e de espirros. “A época de maior transmissão é durante o inverno, pelo fato das pessoas ficarem mais próximas, em ambientes fechados ou superlotados, aumentando o risco de disseminação da doença”,
O tratamento, segundo a infectologista, é feito através de internação hospitalar. O uso de medicação é prescrita pela equipe médica responsável pelo tratamento, sendo uso de antibióticos específicos para a idade e dose corrigida em cada situação.
“A internação hospitalar é importante para controle do quadro e monitorização do paciente, evitando assim que a doença evolua com a morte do paciente”.
A médica explica ainda que a prevenção contra a meningite é através de vacinação. O SUS (Sistema único de Saúde) fornece vacinação com as seguintes vacinas:
- Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada): protege contra as doenças invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite;
- Pentavalente: protege contra as doenças invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e também contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B;
- Meningocócica C (Conjugada): protege contra a doença meningocócica causada pelo sorogrupo C;
- Meningocócica ACWY (Conjugada): protege contra a doença meningocócica causada pelos sorogrupos A,C,W e Y.
Nos centros de vacinação particulares ainda encontramos a vacina meningo B. “Todas as vacinas são importantes e vão realizar um trabalho de proteção”, ressalta a médica.
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Camila Alves Mendonça Bravo: “Prevenção contra a meningite é a vacinação”