Nesta quinta-feira, a Mênades & Sátiros Cia de Teatro estreia seu novo espetáculo "O canto do cisne", com direção de Denilson Biguete, atuação de Thiago Cardoso e Marcus Andrade; produção de Cida Camargo e dramaturgia de Cássio Pires. A apresentação será na Área de Convivência do Sesc Thermas de Presidente Prudente, às 20h. A classificação é de 14 anos. Os convites estão à venda pelo sescsp.org.br/prudente com valores entre R$ 5 e R$ 17, na central de atendimento da unidade.
De acordo com o diretor, a peça estreia após dois anos de sucesso da circulação de "Angústia". Período em que a companhia se dedicou a estudar, até que decidiu, no ano passado, que faria outra obra de Anton Tchekhov - agora sim um mergulho realmente dramatúrgico no texto do autor, não um conto de literatura como foi "Angustia".
"Percebemos que não precisávamos ter pressa, e que queríamos pesquisar uma linguagem, construir uma cenografia que dialogasse com o que a gente desejava e ai surgiu a ideia de montar ‘O canto do cisne’, que fala de uma questão muito complexa que é a história de um ator, do artista", expõe o diretor.
Velho Ator e o Ponto, dois personagens na solidão de um palco vazio, para mostrar o quão dor e alegria são as faces de uma mesma moeda – a arte
Denilson explica que o espetáculo se desenha a partir da narrativa de dois atores no exercício de ensaio para a montagem da peça de Tchekhov. É no jogo performativo de ambos que se descortina a história dos personagens, o Velho Ator Vassíli Vassílitch Svetlovíd e Nikita Iványtch, o Ponto. Dois personagens na solidão de um palco vazio e de uma plateia ausente, para mostrar o quão dor e alegria são as faces de uma mesma moeda – a arte!
"O Cassio fez uma provocação com a gente, porque essa história está sendo contada por um grupo de teatro e a história é a desse grupo, a Mênades & Sátiros, que tenta fazer seu último ensaio de uma peça. Trabalhamos com metateatro onde o tempo todo o público tem que ter consciência que se trata de um exercício, um estudo dramático em um ato - a possibilidade de estreia de um espetáculo que não está finalizado", explica.
Denilson diz que é importante salientar o apoio da Secult (Secretaria Municipal de Cultura) e a realização desta sessão que é exclusivamente do Sesc Prudente, que contratou este espetáculo.
A história
O diretor conta que um velho ator ao acordar numa madrugada, num palco de teatro muito ruim, de provincia lá no interior da Rússia, descobre que todos do elenco o abandonaram. Ele lembra então que após o final da sessão naquela noite, em que foi muito aplaudido, resolveu beber para comemorar e se embriagou. Sentou no camarim e adormeceu. E ali foi esquecido.
Isso é muito simbólico para ele porque descobre que não tem mais nenhum valor! Mas sua trajetória é incrível porque ele, um ator que já está com os seus 68 anos, que naquela época na Rússia já era considerado um idoso, percebe que os amigos foram embora porque ele não tem mais importância nenhuma.
"Para um artista chegar à conclusão que sua arte, sua obra, não tem mais nenhum valor, isso tem um peso muito grande e é sobre essa capacidade de entender a finitude da vida em contraponto com o infinito da arte que imortaliza o seu autor, mas não o priva da morte. O espetáculo fala sobre isso, sobre a morte e o conflito de encarar que você está morrendo e que sua obra pode acabar", frisa o diretor.
Emoção
O velho ator questiona que se sair do palco e descer para o fosso daquele teatro vazio e escuro, ele morre, porque se manter no palco é se manter para a eternidade. E nessa loucura da madrugada se dá o encontro emocionante com outro ser, que é o ponto, que no teatro antigo era aquele cara que ficava escondido embaixo de uma caixa falando o texto para os artistas caso esquecessem. A principio, ele não tem nenhum valor, não é considerado um ator. E o rato de porão que ali também se esconde nos bastidores do teatro se depara com o velho ator que ele tem tanta admiração.
"Eles fazem coisas incríveis, discutem ali sobre a arte. Tentamos nos policiar o tempo todo para não ficar ensimesmado porque é chato o artista falar dele mesmo e queremos expor essa questão, da profissão, da arte, esperando que o público se identifique em qualquer circunstância, em qualquer lugar ou função que esteja de como é se sentir que você está sendo deixado de escanteio, sendo esquecido", ressalta o diretor.
E complementa salientando que é nesse encontro, num palco vazio de um teatro de segunda categoria, que se revelará momentos patéticos, nostálgicos, de ironia e euforia. Na representação de tantos papéis, o velho ator irá revisar sua existência, toda ela dedicada ao teatro e assim, buscar sentido para manter-se vivo diante da brevidade e da finitude da vida. "E como define o personagem: ‘onde existe talento, não há velhice’", reforça.
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CONVITES
Os ingressos custam R$ 5 para trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes (credencial plena); R$ 8,50 (meia-entrada) para aposentado, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública com comprovante); e R$ 17 inteira. E estão à venda pelo portal sescsp.org.br/prudente ou na central de atendimento do Sesc
FICHA TÉCNICA
Texto: Anton Tchekhov
Elenco: Thiago Cardoso e Marcus Andrade
Direção: Denilson Biguete
Provocador de dramaturgia: Cássio Pires
Provocadores no processo de pesquisa: Alexandre Dall Farra, Leonardo Antunes, Imara Reis, Melissa Panzutti, Marcia Baltazar e Viviane Dias. (Projeto Ademar Guerra)
Cenário: Rogério Pena Quintanilha e Thiago Cardoso
Figurino: Yuri Yamamoto
Adereços: Thiago Cardoso
Trilha sonora: Denilson Biguete
Criação da música tema "Lamento do Cisne": Anderson Chizzolini
Iluminação: Celso Aguiar
Fotos: Brunão Silva
Maquiagem: Thiago Cardoso e Marcus Andrade
Projeto gráfico: TCF Designer
Produção: Cida Camargo
60min | 14 anos