Nesta manhã, a Polícia Civil do Estado de São Paulo deflagrou a Operação Anteros. As ações, comandadas pela Deic-8 (Divisão Especializada de Investigações Criminais) de Presidente Prudente, também ocorrem em outros seis Estados no objetivo de cumprir 181 mandados de prisões preventivas e 216 mandados de busca e apreensão.
O alvo é uma organização que aplicava golpes por meio de sites de relacionamento. Além dos mandados, também houve sequestro de R$ 5 milhões, bem como o bloqueio e também sequestro bancário de 329 contas (de pessoas físicas e jurídicas).
A operação é uma fase que teve origem com a operação Voo de Ícaro, que em 2019 desarticulou uma organização criminosa que atuava em estabelecimentos prisionais, com a entrega de materiais por meio de drones.
Após análise de aparelho celular de um preso naquela ação, identificou-se farta movimentação bancária que motivou nova etapa investigativa. Pouco mais de um ano depois, os investigadores descobriram uma complexa organização criminosa que possui “tentáculos” em diversos países e grande atuação no Brasil.
Conhecidos por “romance scammers” os criminosos são especializados em fraudes (golpes) na internet utilizando perfis maliciosos (fakes) onde, depois de cooptadas as vítimas, iniciavam as extorsões e com os valores recebidos, em lavagem de capitais em, ao menos, 24 Estados da Federação.
Os crimes eram cometidos através de redes sociais ou por aplicativos de namoros virtuais, onde os criminosos enviavam solicitação de amizade a potenciais vítimas, em especial funcionários públicos, idosos, independente do sexo, porém, todas elas detentoras de faixa salarial que demonstrava poder aquisitivo superior - identificadas por pesquisas em redes abertas, exemplificativamente, as redes sociais.
Polícia Civil - Operação resultou em apreensões de dinheiro
Após contatos iniciais de amizade, sempre sutis e de diálogo convincente, iniciavam o namoro virtual e aos poucos as vítimas em sua maioria acabavam por enviar fotos ou vídeos íntimos que posteriormente eram utilizados na extorsão.
Um dos exemplos é a do “fakelover” - denominação dada pela investigação ao núcleo que mantinha os contatos diretamente com as vítimas, cujo autor declarava morar no exterior e informava que recebeu uma herança e precisava enviar para o Brasil, incentivando a vítima a ajudá-la com promessa de vantagem.
Assim, solicitava para a vítima receber o material em sua residência, contudo quando o suposto material “chegava” ao Brasil, outra pessoa se passando por funcionário da alfândega contatava a vítima e informava que por tratar-se de material cujo ingresso no país necessitava do pagamento de impostos, precisava da quitação do imposto de importação, mas que por um valor menor conseguia a liberação do material.
A vítima acaba por realizar esse pagamento e marcava a data da retirada do produto. Nessa data, novamente recebia ligação informando que para a liberação o valor era em dólares e a vítima havia depositado em moeda brasileira, necessitando de complementação. Também outros artifícios utilizados como taxas de diplomacia, taxas de transporte de valores, etc. Como a vítima, mesmo realizando todos os depósitos solicitados não conseguia a liberação do material (inexistente).
Ao insistir que queria o produto ou iria denunciar a polícia, por vezes, os criminosos consumavam outro crime, agora, ao informarem que a vítima havia caído em um golpe ameaçam que se denunciassem às autoridades terá suas fotos comprometedoras seriam divulgadas em redes sociais. E, dessa forma, exigia ainda mais valores para a não consumação.
Durante as investigações foram identificadas 437 vítimas que registraram ocorrência dessa mesma natureza criminal e que tiveram prejuízo superior aos R$ 24 milhões. No âmbito do Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), existem 12 vítimas identificadas e ouvidas formalmente.
Em todos os Estados da Federação, contando as subnotificações, os números superam 2 mil vítimas que tiveram um prejuízo estimado, nos últimos três anos, de 250 milhões movimentados por essa organização criminosa.
Polícia Civil - Apenas em Prudente, 12 vítimas foram ouvidas formalmente
Esse tipo de crime, segundo os investigadores, ocorre desde 2014, contudo muitas vítimas por vergonha, constrangimento e medo acabaram não denunciando o fato para a polícia, beneficiando nesses anos os marginais e o enraizamento da organização criminosa no Brasil.
A Polícia Civil conseguiu demonstrar como a organização criminosa era estruturada:
Polícia Civil - Organização era estruturada, cada qual com sua função
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