Médico alerta sobre riscos de procedimentos estéticos realizados por profissionais não habilitados

Segundo médico legista e delegado do Cremesp, Fernando Antônio Mourão Valejo, quem deseja se submeter a tais procedimentos deve se atentar à formação do profissional escolhido

Saúde & Bem Estar - Cassia Motta

Data 20/04/2025
Horário 08:10
Foto: Freepik
Pacientes devem se atentar aos profissionais escolhidos para realização de procedimentos estéticos
Pacientes devem se atentar aos profissionais escolhidos para realização de procedimentos estéticos

O médico legista e delegado do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), Fernando Antônio Mourão Valejo, conversou com o jornal O Imparcial e alertou para os riscos com procedimentos estéticos invasivos, que muitas vezes não são realizados por médicos. “Procedimento invasivo, de maneira geral, é aquele que perfura a pele, que se introduz alguma substância. Esse por definição é um procedimento médico, que deve ser realizado por médicos, preferencialmente com especialização em dermatologia ou cirurgia plástica, por estarem capacitados para oferecer ao paciente atendimento com competência técnica e segurança”, pontua.

Fernando explica também que os procedimentos não invasivos são aqueles que não utilizam do rompimento da barreira da pele, são feitos superficialmente. “Mas, mesmo em relação a esses procedimentos não invasivos, o paciente deve ficar muito atento quando escolher o profissional, pois, infelizmente, não existe uma definição ou regulamentação que defina qual procedimento cada profissional pode fazer. Mas, se o paciente quer segurança, e isso deve vir em primeiro lugar, a orientação é que procure um profissional médico, que possui treinamento”, orienta.

O médico alerta sobre casos noticiados pela mídia, de pessoas que morreram em decorrência de complicações geradas por um peeling de fenol, por exemplo, que foi conduzido por um profissional sem qualificação em medicina, que não observou critérios mínimos exigidos na realização desse atendimento.

Dois lados

De acordo com Fernando, existem dois lados que precisam ser analisados. Um deles é a liberdade que a pessoa tem de escolher com quem ela quer realizar algum procedimento. “Eu acho isso muito bom, estamos num país livre. Mas, do outro lado temos a questão da segurança do paciente”. Ele explica que, no caso de preenchimento e botox (nome popular da toxina botulínica – que é uma substância química que atua impedindo a contração dos músculos), por exemplo, são procedimentos que injetam substâncias na pele, dentro do corpo da pessoa. 

No caso do peeling (é uma forma de esfoliar e acelerar a renovação da pele), ele explica que é um procedimento externo – que não necessariamente seja invasivo, mas é um procedimento que utiliza substâncias extremamente agressivas para a pele, como ácidos e o fenol por exemplo. “Você imagina um ácido sendo aplicado, o tempo de exposição da pele a esse ácido, a concentração do produto, a sensibilidade da pele ao agente. O equilíbrio entre tempo de exposição, tempo de aplicação, concentração, potência do ácido – porque existem vários – e a própria sensibilidade da pele. Por isso é necessário um profissional muito treinado, com muito conhecimento em aplicação”.

O médico ressalta ainda que, muitas vezes, a pessoa se sente atraída por facilidades e promoções nos tratamentos. “Acho importante ressaltar que o serviço médico tem se tornado mais acessível, pois hoje temos diversos profissionais no mercado. Então, será que não vale a pena o paciente procurar uma segurança dentro da área médica, diante de vários profissionais, e escolher aquele que mais se encaixa dentro das suas expectativas, do que de repente se aventurar numa clínica de estética que ele não conhece o preparo desses profissionais? Também não adianta procurar um local bonito, que esteja com a documentação de funcionamento adequada, mas não traz profissionais capacitados. A falta de regulamentação sobre esses procedimentos, acaba gerando várias consequências”.

Riscos

Fernando cita alguns riscos para o paciente se o procedimento não for realizado de forma adequada. “Pode ocorrer desde uma simples queimadura até riscos de queimaduras mais intensas com a introdução de substâncias que não são apropriadas para aquele local ou naquele tecido”. Explica que o PMMA (produto à base de polimetilmetacrilato), substância usada para preenchimento, por exemplo, é liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “A Anvisa permite a venda de produtos à base de PMMA para preenchimento cutâneo e muscular com finalidade corretiva estética ou reparadora, ou seja, para pequenas áreas, e, muitas vezes, a gente vê profissionais da área da estética utilizando para preenchimento de grandes áreas do corpo, o que não é adequado. Os efeitos dessas substâncias são muito graves e podem provocar intoxicação, e, eventualmente, numa situação mais graves pode chegar a óbito, como já divulgado”.

Cuidados

O médico orienta que a pessoa que deseja fazer algum tipo de procedimento fique atenta à formação desse profissional que ele escolher. “É necessário que a pessoa busque profissionais bem formados, como profissionais da área médica, que têm, inclusive, um compromisso ético com a saúde do paciente”.

Ele acrescenta que “é importante esclarecer à população, que nenhum procedimento – mesmo feito por profissionais médicos – é livre de risco”. “Todo procedimento tem risco. Agora, quando é feito por um profissional que conhece esses riscos e conhece a forma de reduzir esses riscos, a segurança para o paciente é maior”, ressalta.

SERVIÇO
Conforme Fernando, no site do Cremesp há diversas informações e orientações sobre esses procedimentos e as medidas que o conselho está tomando para prevenir os casos com consequências graves e até mortes. Basta acessar cremesp.org.br ou o portal cfm.org.br.

Foto: Cedida

Médico Fernando Antônio Mourão Valejo alerta sobre importância da escolha de profissionais capacitados

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