Médico alerta sobre existência de 41 pontos de lixo clandestino em Prudente

PRUDENTE - SANDRA PRATA

Data 24/11/2018
Horário 04:56
José Reis - Simpósio ontem, em Prudente, discutiu os dois tipos de leishmaniose existentes
José Reis - Simpósio ontem, em Prudente, discutiu os dois tipos de leishmaniose existentes

Para discutir a doença que atinge animais vertebrados e seres humanos, a Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) cedeu espaço na manhã de ontem, no Auditório Buriti, para que a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) e o IAL (Instituto Adolpho Lutz) realizassem o 2º Simpósio de Leishmaniose do Oeste Paulista. A ideia era trazer estudos e refletir sobre os riscos dos dois tipos da doença – visceral e tegumentar. A enfermidade é transmitida pelo mosquito-palha e não possui vacina preventiva, sendo a única alternativa evitar o contato com o vetor. De acordo com o médico infectologista e participante do evento, Luís Euribel Prestes Carneiro, o mosquito-palha se prolifera a partir de matéria orgânicas, ou seja, lixo, folhas e restos de comida. Com isso, afirma que Presidente Prudente possui 41 pontos de lixo clandestinos e se não houver cuidado podem virar criadouros em potencial.

Por sua vez, a Semea (Secretaria Municipal do Meio Ambiente), por meio da Secom (Secretaria Municipal de Comunicação), informa que, além de fiscalizar, vem atuando na limpeza de praças e de pontos onde há o descarte clandestino de lixo. “Também são realizadas campanhas de conscientização contra o depósito irregular de resíduos”, acrescenta a pasta.

Ainda conforme o médico, embora existam dois tipos da doença, a mais comum e presente na rotina urbana é a visceral. Isso porque a tegumentar se limita a áreas verdes. “A tegumentar está há décadas na região [em especial no Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio]. Já a visceral é urbana e recente, sendo que migrou da Bolívia, passou pelo Mato Grosso e chegou aqui”, revela.

De acordo com o especialista, ao se comparar Prudente com cidades do nordeste e até mesmo com o vizinho Mato Grosso do Sul, chega-se à conclusão que é uma situação “razoável”. Todavia, é preciso se atentar ao fato do oeste paulista ser uma das regiões mais pobres do Estado. “A doença está muito ligada a índices de higienização. Isso, somado ao clima tropical, faz da cidade um alvo fácil”, relata.

Novos tratamentos

De acordo com Luís, a leishmaniose é uma doença “negligenciada” por diversas áreas, em principal, a indústria farmacêutica. Por isso, embora existam “novos” tratamentos, ainda não são feitas as pesquisas necessárias. “Agora se fala muito do Milteforan, que começou a ser utilizado recentemente por humanos e animais, mas não é uma novidade. Essa medicação já foi descoberta há mais de 10 anos, mas por ser uma doença, supostamente, de países pobres, não existe investimento”, relata.

O Milteforan, conforme explica o médico, é um medicamento que atua no ciclo evolutivo da leishmania – vírus da doença.  “Evita a evolução do quadro tanto em animais quanto em seres humanos, é algo a mais no nosso armamento contra a doença”, pontua.

Diferenças dos tipos

Representando a Sucen no evento, Lúcia de Fátima Henriques explica que cada um dos tipos possui vetores e formas de proliferação diferentes. “A visceral ocorre por meio da picada do mosquito-palha, já a tegumentar possui diversos tipos de vetores transmissores. Uma está na cidade, no dia a dia, a outra em zonas distantes”, diz.

De acordo com Lúcia, uma das maiores regiões causadoras de leishmaniose tegumentar está nas imediações do oeste paulista. “O Morro do Diabo não só é um local em potencial, como também exige uma fiscalização intensa devido ao fluxo constante de pessoas que passam pelo local”, comenta.

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