Como deve ser a medicina praticada na sociedade da informação do século XXI, numa realidade de acesso universal à informação e onde máquinas, utilizando o conhecimento disponível, e criando novos, substituem com perfeição seres humanos em inúmeras atividades?
As ocupações que as máquinas estão realizando foram, no passado, executadas por centenas de milhões de pessoas, como a produção de alimentos, tarefa que já consumiu mais de 90% de toda a força de trabalho da humanidade e hoje ocupa menos de 3%.
Será que médicos, dentistas, enfermeiros etc., serão substituídos por computadores e robôs? É indiscutível o benefício da tecnologia de informação na medicina, facilitando e até aperfeiçoando o trabalho dos profissionais de saúde, mas não acredito que as máquinas serão capazes de substituí-los, pois no tratamento de saúde há um aspecto tão ou mais importante que o conhecimento científico ou a técnica, que é o aspecto humanístico de comprometimento, responsabilidade e dedicação do cuidado.
As ocupações que as máquinas estão realizando foram, no passado, executadas por centenas de milhões de pessoas
No mesmo sentido, a decisão sobre a realização ou não de um tratamento de saúde, de um procedimento ou de um exame, também deverão permanecer para sempre com cada paciente. Não devemos entregar nossa liberdade de escolha, nosso livre arbítrio e, em última análise, nossa sobrevivência, a uma máquina ou computador.
A decisão quanto à realização e sobre qual tratamento de saúde será realizado em cada um deverá permanecer conosco com a ajuda de um médico humano, pois somente outra pessoa será capaz de entender todas as questões objetivas e subjetivas envolvidas num tratamento de saúde.
Na Faculdade de Medicina, todas essas questões são temas diários de discussão, pois é necessário que os futuros médicos, os quais praticarão a Medicina na Sociedade da Informação 4.0, sejam capazes de, além de conhecerem a informação científica, aplicá-las da forma e no momento correto, o que é tão importante quanto à correção ou validade do conhecimento utilizado.
Nossa preocupação é garantir também uma preparação humanística aos nossos estudantes, a fim de prepará-los para que possam agir com competência e comprometidos com o resultado do bem e com a melhora efetiva da saúde das pessoas.