A médica Maria Augusta Pires Maciel, formada pela Unoeste, atualmente Residente de Dermatologia no Hospital do Servidor Público Estadual em São Paulo, é uma das participantes do grupo de voluntários para testes da vacina de Oxford para a Covid-19. Maria Augusta tem 27 anos, é filha de Lucia Pires Maciel e Paschoal Pires Maciel (in memorian).
Como você ingressou no corpo de voluntários dos testes da vacina de Oxford para a Covid-19?
Soube que estavam precisando de voluntários e quem tivesse o interesse, era necessário enviar um e-mail se candidatando. Após alguns dias, fui convocada para poder prosseguir no estudo.
Por que você se candidatou? Teve algum motivo especial para participar? Temeu em algum momento?
Moro em São Paulo desde o início de março, e poucas semanas depois, o número de casos foram aumentando e os primeiros óbitos surgindo e, consequentemente, o medo foi se instalando entre meus amigos, familiares e em todas as redes de comunicação. A nossa única esperança era uma vacina eficaz ou uma medicação que pudesse combater o novo Sars-Cov2. Quando soube que os testes da vacina iriam começar, não hesitei em me candidatar, pois sabia que muitos voluntários seriam necessários para os testes. Acredito que minha maior motivação foi o desejo de que nossas vidas pudessem voltar ao normal. Não tive medo, pelo contrário! Fiquei entusiasmada e mais esperançosa!
Como se sente participando desse momento histórico? Como é a experiência?
Viver uma pandemia nunca esteve nos meus piores pesadelos! E estar no epicentro de uma pandemia foi algo completamente assustador! Mas em contrapartida, estar na linha de frente de um momento histórico me mostrou a importância da minha profissão! E poder contribuir, sendo uma voluntária de um estudo com o potencial de normalizar nossas vidas, é incrível!
Como esse grupo foi escolhido?
Existem diferentes tipos de estudos clínicos. Este da vacina de Oxford é um estudo duplo-cego, ou seja, nós voluntários somos divididos aleatoriamente em dois grupos, um grupo controle (que recebe um placebo, ou seja, uma substancia que não tem efeito sobre a Covid) e o grupo que recebe a nova vacina, isto é, a vacina que será ou não validada e liberada. Mas os participantes não sabem se receberam o placebo ou a vacina, saberemos apenas após a finalização do estudo. O estudo está na fase 3, iniciou em julho e terá duração de um ano. Em São Paulo, os testes estão sendo realizado pela Unifesp.
Quais foram os requisitos para você participar desse programa?
Inicialmente, os requisitos básicos eram: ter idade entre 18 e 55 anos, estar na linha de frente e não ter tido Covid (ser IgG não reagente). Atualmente, expandiram os testes para todos acima de 18 anos, mas os outros requisitos foram mantidos.
Você já apresentou algum efeito colateral?
Recebemos duas doses, com um intervalo de 30 dias aproximadamente. Na primeira dose, tive apenas dor no local da aplicação, que durou cerca de dois dias. Já na segunda dose, não apresentei efeitos colaterais.
Está tranquila?
Tranquila e confiante! O estudo precisou ser pausado após um voluntário ter apresentado mielite transversa, foram realizados vários testes e não houve associação desta doença com a vacina. Desta forma, o estudo pode continuar.
Como tem sido o acompanhamento? Durante quanto tempo?
Serão sete visitas, já fui em quatro. A primeira visita foi uma triagem, somos entrevistados e coletam a sorologia IgG. Se IgG reagente, somos descartados do estudo. E se IgG não reagente, já recebemos a vacina ou placebo na segunda visita, cerca de uma semana após esta primeira. Mensalmente até a quarta visita. E as próximas com maiores intervalos. Em todas as visitas passamos por uma entrevista e são coletados exames laboratoriais, mas nós voluntários não temos acesso. Além disso, recebemos mensagens semanais para saber se tivemos alguma intercorrência, sintomas respiratórios, internação hospitalar. Está previsto uma duração de um ano. É um estudo sério e seguro.
Qual foi a reação da família e dos amigos ao saber que você ia participar do programa de testes da vacina?
Ficaram animados! Afinal, nos sentimos cada vez mais pertos da cura dessa nova doença.
Você tem acompanhado os estudos preliminares da vacina. O que sabe a respeito?
Ainda faltam dados para concluirmos a eficácia e efetividade da vacina ChAdOx1 nCoV-19. Apesar de segura, precisamos aguardar a conclusão dos testes para sabermos se a imunidade será duradoura ou se serão necessárias novas doses periodicamente, assim como ocorre com a vacina Influenza.
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Ponto final: Recicle. Não descarte essa ideia.