A troca da defesa pelo ataque no futebol e na vida, feita por Marcos Rodrigues Fróis, mesmo inconscientemente, apresenta excelentes resultados. Algo comparável à arte da guerra, cuja vitória depende de se conhecer e também o adversário, conforme o general, estrategista e filósofo chinês San Tzu. O personagem desta reportagem de O Imparcial, como desportista do dente de leite ao amador, começou na posição de zagueiro e a trocou pela de centroavante. Foi melhor, pois como sabia o que fazer para resistir ao ataque, encontrou mais facilidade na função ofensiva de fazer gols ou dar assistências.
Em sua vida, os revezes surgiram muito cedo. Aos oito anos estava órfão de pai. Aos 10 anos, órfão de mãe. Eram seis irmãos que foram amparados por parentes que deram boa educação, mesmo com escassez de recursos. O trabalho infantil foi o caminho da luta para sobreviver. Inicialmente, a reciclagem ajudou a garantir o pão de cada dia. O trabalho era a defesa ao ataque da pobreza. Essa relação antagônica moldou a personalidade de Fróis para lidar com situações adversas e reagir positivamente, criando o “Senhor Resiliência”, capaz de superar obstáculos.
FORMAÇÃO DELE É
MULTIDISCIPLINAR
Atuando na elaboração de projetos e execução de obras nos últimos 30 anos, está entre os profissionais com maiores índices de prestação de serviços na construção civil em Presidente Prudente. Sua formação multidisciplinar começou no curso técnico em edificações, na Escola Estadual Monsenhor Sarrion, em Presidente Prudente. Formação que deu condições de trabalhar com o engenheiro Dirceu de Souza Gameiro Júnior. Aprovado no vestibular da Unesp (Universidade Estadual Paulista), fez uma parte do curso de Matemática. Parou para fazer Educação Artística com habilitação em Desenho Técnico, na Unoeste (Universidade do Oeste Paulista).
Passou no concurso e foi trabalhar como desenhista projetista no DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Na condição de servidor público estadual, poderia ter se acomodado nessa ou em outra função, até por conta de ter ingressado no curso de Engenharia Civil, na Unoeste; além de concluir Matemática ao fazer complementação pedagógica no Instituto Teresa Martin, em São Paulo. Já engenheiro, fez três especializações: engenharia de segurança do trabalho, na UFSCAr (Universidade Federal de São Carlos); Arte e Educação, na FCT/Unesp (Faculdade de Ciências e Tecnologia) em Prudente; e Gestão Hospitalar, na modalidade à distância.
Sua atuação como autônomo teve intervalo de três anos para a construção de prédio de apartamentos pela Construtora Jahu, subsidiária da Camargo Corrêa. Ao voltar a trabalhar por conta própria, conciliou o escritório com a docência, atividade que já tinha vivenciado quando terminou Educação Artística, como professor de Desenho Técnico na escola Sarrion. Mesma disciplina que lecionou sete anos no Colégio Anglo. Por quatro anos foi professor no Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), no curso de Design. Desde 2015 dá aulas e coordena a Engenharia da Toledo Prudente Centro Universitário.
Trabalhou 11 anos como engenheiro de segurança da Santa Casa de Misricórdia e seis anos no Departamento da Segurança Ocupacional da Unimed Prudente. Em 2015, concluiu o mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, na Unoeste, com pesquisa e dissertação sobre a bacia do Córrego do Limoeiro. Agora, faz o primeiro ano do doutorado no Departamento de Geografia da Unesp em Prudente, com estudo sobre intervenções em fundos de vales. Toda essa inquietação emana da crença em Deus, da força do trabalho e do poder de transformação pela educação.
Há a pretensão de um dia ter o levantamento dos projetos do escritório Marcos Fróis Arquitetura e das obras da 4F Construções, de sua propriedade. A dificuldade está no grande volume e nem há como estimar quantos projetos e obras. São milhares de casas; vários prédios comerciais e industriais; reformas, ampliações e construções de igrejas católicas e evangélicas em Prudente, Pirapozinho e Alfredo Marcondes; reformas e ampliações do Anglo e da Toledo; sede da Cúria Diocesana de Prudente; e dois conjuntos habitacionais da Fundação Rotária Internacional, em regime de autoconstrução (mutirão).
CRIADO PELA
DONA MARINA
Prudentino, nascido em 28 de agosto de 1960, Fróis tem como referência geográfica e afetiva a Vila Verinha, um dos mais antigos bairros da cidade. Com as perdas dos pais Geraldo e Tereza, Fróis foi um dos órfãos criados pela tia dona Marina e por seus padrinhos Gena e Cida. O tratamento dona foi incorporado ao nome Marina da Conceição, pelo respeito conquistado junto aos moradores do bairro. Gena, cujo nome era Sebastião Adriano, mais conhecido por ter sido árbitro de futebol, era filho de dona Marina e casado com Aparecida Pena Adriano.
Educação e dedicação, aos estudos e ao trabalho, decorreram da autoridade da tia. O estímulo ao futebol e às artes, foram dos padrinhos. Fróis jogou futebol dente de leite no Vasco da Vila Furquim e Farmácia Caetano, juvenil na Apec (Associação Prudentina de Educação e Cultura) e amador no Goiás da Vila Furquim e no campeonato interno do San Fernando. Na escola de samba Independentes da Zona Leste foi ritmista e compositor. Também compôs enredo para a Se Sair é Milagre e participou de concurso da Unidos do Jardim Paulista.
Foram composições de enredos temáticos, sobre aniversários de Prudente, da imigração japonesa e do cinquentenário de O Imparcial. Cantou em festivais na escola Sarrion e no Festival Internacional de Coros, em Olinda (PE), no final dos anos 1970, pelo Coral Universitário da Apec, com a regência de “Martinho” Antônio Custódio Jorge Neto. Atualmente, toca violão em uma das células e canta no louvor da IPI-central (Igreja Presbiteriana Independente), onde também prega eventualmente, na condição de presbítero. Sua vida cristã foi iniciada no Santuário Nossa Senhora Aparecida, na Vila Marcondes.
Por ocasião do ensino ginasial, foi o caixa-mestre na fanfarra da Escola Estadual Antônio Fioravante de Menezes. Fróis produziu e apresentou na Rádio Globo de Prudente o programa “Som da Vida”, nas noites de sextas-feiras, com entrevistas, salmos, MPB (Música Popular Brasileira) e gospel. Hoje, faz parte de dois conselhos municipais: Planejamento e Construção/Imobiliário. Por falta de vocação política sempre declinou dos convites para filiação partidária.
Casado com a coordenadora pedagógica aposentada Maria Ediva, têm dois filhos, nora e neta. Gabriel, o mais velho, é formado em Direito e faz Medicina na Argentina. Marcos Augusto e sua esposa Gabriela têm dupla formação e são pais de Maria. Ele fez Administração e Engenharia Civil. Ela, Fisioterapia e Arquitetura. “Pelo que passei e pelo que sou, dou grande valor à família. O resumo da minha vida é a gratidão a Deus”, afirma.