O Março Amarelo é dedicado também à conscientização da endometriose, uma doença que afeta cerca de 10 milhões de mulheres no Brasil, segundo informação da ginecologista Cláudia Trintin Vila Real Góes (números do IBGE de 2023). A endometriose, segundo a ginecologista, é uma doença benigna que ocorre quando o tecido interno - endométrio - cresce fora do útero. “A endometriose é uma condição inflamatória crônica estrogênio-dependente. Existem teorias em que a medicina acredita ser a causa da endometriose, a menstruação retrógada, fatores genéticos e/ou falhas no sistema imunológico, como alteração da microbiota intestinal”.
A médica explica que mulheres com sobrepeso ou obesas têm mais chance de desenvolver a doença. “As mulheres obesas ou com sobrepeso levam ao aumento importante do estrogênio, aumentando também a chance de doenças estrogênio-dependentes. Histórico familiar de endometriose tem nove vezes mais chance de desenvolver a doença”.
Os principais sintomas da endometriose incluem dores pélvicas incapacitantes, dispaurenia (dor durante a relação sexual), dor e sangramento intestinais e urinários durante a menstruação, podendo causar infertilidade.
A ginecologista ressalta que os sintomas podem variar. “No início do quadro, a endometriose pode ser assintomática. Com a evolução, os sinais de alerta são cólicas menstruais intensas e progressivas, estufamento abdominal e alteração do hábito intestinal, dor profunda na relação sexual, dor na evacuação, alteração do fluxo menstrual com aumento progressivo”, enumera.
A endometriose, de acordo com Cláudia, vem frequentemente associada a outras alterações inflamatórias, como síndrome do intestino irritável, doença celíaca, doenças autoimunes como Tiroidite de Hashimoto (doença autoimune que inflama a glândula tireoide). “Os sintomas devem ser valorizados e investigados de forma adequada para o tratamento mais precoce possível, evitando prejudicar a saúde reprodutora dessa mulher e sua saúde geral”, reforça a médica.
A campanha Março Amarelo tem a finalidade de conscientizar as mulheres sobre a necessidade de consultas regulares ao ginecologista como forma de diagnóstico e tratamento precoce da doença. “O diagnóstico é feito por uso de ultrassom endovaginal com preparo intestinal, também através de ressonância magnética com pesquisa para endometriose e videolaparoscopia”, expõe a especialista.
Já o tratamento, de acordo com Cláudia, pode ser feito com hormônios ou cirurgia. “Mas além do tratamento convencional, devemos orientar as mulheres sobre a importância de diminuir produtos alimentícios que são muito inflamatórios como açúcar, farinha de trigo, embutidos e produtos industrializados, que pioram muito o quadro inflamatório da doença”, acrescenta.
A médica ressalta que aliar o tratamento do intestino com uma alimentação rica em fibras e alimentos naturais, suplementação com antioxidantes como cúrcuma, vitaminas D, E e C, e ômega 3, ajudam a melhorar o quadro inflamatório da endometriose e a saúde em geral.
Foto: Cedida
Médica ginecologista Claudia Trintin Vila Real Góes