Uma manifestação realizada em frente à Prefeitura de Presidente Prudente reuniu ontem, 80 educadores infantis que reivindicam o reconhecimento profissional por parte do Executivo. Diante dos gritos de protesto, os educadores buscam um aumento salarial compatível ao quadro dos magistrados da cidade. Durante a tarde, o prefeito Nelson Roberto Bugalho (PTB) recebeu em seu gabinete uma comissão de representantes dos educadores infantis e membros do Sintrapp (Sindicato dos Servidores Municipais) para discutir e avaliar a proposta de nova regulamentação para a categoria.
De acordo com a educadora infantil Ana Lúcia Machado Silva, há anos a categoria procura regularizar a profissão para que haja melhorias no exercício do trabalho. Ela acredita que o não reconhecimento acontece pelo fato de se tornar “mais barato para a Prefeitura evitar gastos” e, desta forma, desestimula os futuros profissionais a atuarem na área. Além disso, ela se diz indignada pelo fato de atuarem como professores, mas permanecerem fora do quadro do magistério.
“A lei diz que na educação infantil é preciso ter formação para atuar como professor. Aqui na cidade isso não está regularizado”, explica Ana Lúcia. Contudo, se não houver um acordo entre os educadores e o Executivo, a professora esclarece que podem paralisar os serviços ou entrar em greve.
Para a educadora Anésia Maria Faustino Cruz, muitos profissionais fizeram “um sacrifício” para terem uma formação e acha injusto os mesmos receberem um salário inferior ao dos professores magistrados que desenvolvem o mesmo trabalho. Ela critica também a razão de os educadores que estão com mais tempo de carreira receber um salário maior que os que entram na profissão agora. Ainda assim não se diz satisfeita com o tempo de aposentadoria dos professores “que se aposentam com 25 anos de carreira enquanto o educador, com 30”, finaliza.
No meio da tarde de ontem, a presidente do Sintrapp, Luciana Telles, esteve em uma mesa de negociação entre os educadores infantis e o prefeito. Segundo ela, essa é uma agenda que se iniciou no ano passado e que agora teve o seu segundo encontro. Uma assembleia foi marcada para a noite de ontem para decidir o que a categoria vai deliberar. Até a finalização desta reportagem, não obtivemos mais informações a respeito do assunto.
A lei diz que na educação infantil é preciso ter formação para atuar como professor. Aqui na cidade isso não está regularizado
Ana Lúcia Machado Silva,
educadora infantil
No gabinete
Por meio de uma nota, a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação) informa que durante o encontro com os educadores e o sindicato, o prefeito Nelson Roberto Bugalho esclareceu que, tendo em vista o atual cenário orçamentário da Prefeitura, qualquer mudança que implique elevação na folha de pagamento torna-se inviável. Desde o primeiro mês da atual administração, o Executivo afirma ter recebido educadores, professores e membros do sindicato para reuniões regulares em busca de melhorias na qualidade da educação.
Em relação à manifestação realizada na tarde de ontem, a administração municipal afirma que se compromete a analisar e encontrar uma proposta que atenda aos interesses dos educadores. Entretanto, cabe lembrar que a Prefeitura já foi alertada pelo Tribunal Contas do Estado por já ter se aproximado do limite prudencial de gastos com a folha de pagamento.