Mais que diversão, trote universitário pode também fazer o bem

EDITORIAL -

Data 09/04/2022
Horário 04:15

Uma mistura de receio e felicidade. Este pode ser o sentimento de quem está ingressando na faculdade. Feliz por ter passado no vestibular, por investir e se dedicar à carreira dos sonhos, pela nova fase que terá estudo, mas também muita festa e amigos. E certo medo quando se pensa na recepção dos veteranos, sem saber o que pode vir pela frente! A vontade, para muitos, é até de ficar em casa.
Presente em grande parte das universidades brasileiras, públicas e privadas, o trote varia em cada instituição e merca o começo do aluno na vida acadêmica. As atividades mais comuns para identificar os calouros, também conhecidos como “bichos”, são raspar o cabelo dos meninos e usar tinta no corpo e na roupa. Há ainda o pedágio, em que os novatos pedem dinheiro no semáforo e pessoas na rua. O montante arrecadado é gasto depois com uma festa pra todos.
Já houve casos no país e pelo mundo em que as brincadeiras ultrapassaram os limites, transformando o que era alegria em tragédia. Mas há também os trotes solidários. Aqueles que visam fazer o bem, ajudar outras pessoas. Arrecadação de alimentos, medicamentos ou brinquedos, visitas a asilos e orfanatos, trabalhos voluntários e até ações que buscam estimular a doação de sangue e medula óssea. Exemplos de trotes que temos visto frequentemente por aí, quebrando a ideia de que calouro, pra fazer parte de um grupo, precisa antes sofrer e ser humilhado.
Na edição de ontem, mostramos uma bela ação realizada, anualmente, por universitários da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) de Presidente Prudente. Resultado alcançado com o Trote do Bem durante parte do primeiro bimestre do presente ano letivo, o curso de Medicina Veterinária bateu recorde ao arrecadar e doar 3,4 toneladas de ração para quatro entidades da região que cuidam de animais abandonados. 
A ação extensiva para estudantes calouros foi iniciada em 2014. A pretensão inicial de 500 kg foi dobrada. Todo ano foi sempre superior a 1 t e passou de 2t em 2015 e 2019, o ano do recorde anterior com 2.078 kg. Agora, em 2022, foram exatos 3.450 kg. O valor acumulado em nove anos passa de 15 t.
Estiveram envolvidos 115 alunos do 1º e 2º termos, divididos em sete grupos identificados por cores. Embalados pela alegria e a vontade de contribuir, eles bateram de porta em porta, fizeram sorteios de prêmios, utilizaram as redes sociais em busca de contribuições via Pix, demonstraram atitude e, com certeza, fizeram a diferença. Que sirva de exemplo a outros estudantes, a outras faculdades...  Ser bem recebido, fazer o bem... Que venham outros trotes do bem!
 

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