Maior parte do eleitorado regional possui ensino médio completo

A maior parte do eleitorado da 10ª RA (Região Administrativa) do Estado de São Paulo possui o ensino médio completo, conforme dados levantados pela reportagem junto ao sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Trata-se de 211.219 eleitores com este grau de instrução, o que representa 31,07% do contingente de 679.783 pessoas aptas para votar neste ano nas 53 cidades.
Em segundo lugar, está o público com ensino fundamental incompleto, formado por 154.171 eleitores, o que corresponde a 22,67% do eleitorado regional. Na sequência, 104.209 (15,32%) declararam ter ensino superior completo e outros 80.389 (11,82%) afirmaram não ter concluído o ensino médio.
Com ensino fundamental completo, são 46.062 (6,77%) aptos a votar nas eleições gerais de 2022. Já em relação aos votantes com ensino superior incompleto, há 35.523 (5,22%). Aqueles que selecionaram a opção “lê e escreve” somam 26.054 (3,83%). Os analfabetos, por sua vez, são 22.156 (3,25%). Os dados detalhados por municípios podem ser consultados na tabela.
O sociólogo prudentino Marcos Lupércio Ramos expõe que o fato de a região dispor de maior número de eleitores com educação básica completa reflete a própria condição socioeconômica da maioria dos brasileiros que se enquadrariam nas classes C, D e E da classificação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo ele, ainda não há vagas para todos os que desejam frequentar o ensino superior e políticas públicas que facilitam o acesso a esse nível de ensino carecem de recursos. “Paralelo a isso, a premência de ter que ingressar no mercado de trabalho leva boa parte dos jovens, que ainda quer continuar os seus estudos, a frequentar cursos técnicos de variadas modalidades e tempo de duração. O curso técnico é uma porta que está mais ‘escancarada’ para o primeiro emprego, que pode trazer a tão sonhada emancipação econômica do jovem”, pondera.

Reflexos na participação

Ainda conforme Marcos, considerando que, na maioria dos casos, os diferentes níveis de escolaridade estão diretamente relacionados às condições socioeconômicas dos eleitores, acontece o mesmo com a sua participação política, seja diretamente dentro de um partido, seja como membros atuantes em um sindicato ou em quaisquer instituições em que possa se dar essa participação, como, por exemplo, em alguma ONG (organização não governamental).
Ele aponta que essa participação política tende a ser maior quanto mais favoráveis forem as condições socioeconômicas do indivíduo humano e sua formação escolar.
“Para o eleitor com salários maiores e níveis de instrução mais elevados, haverá mais espaços e busca de maior participação política. Nesse caso, a lógica predominante é a do poder econômico em primeiro plano e a do conhecimento em segundo. É claro que hoje há possibilidades de contornar esse domínio do poder econômico e elas são dadas pelo maior acesso às redes sociais”, avalia.
Marcos destaca que as redes sociais, apesar das fake news constantes, atuam no sentido da democratização da participação política, pois dão “vozes àqueles que não têm outras formas de serem ouvidos”. “Mas, para que isso também ocorra, é necessário que o eleitor tenha maior posicionamento crítico em relação à política como um todo, esteja atento aos acontecimentos e tenha o desejo de mudanças quando percebe que as coisas não estão bem encaminhadas”, considera. “Não é tão simples, portanto, a plena participação política, sendo mais fácil tão somente o ato de votar”, pontua.

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