Estudo publicado pelo Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo) revela que as vendas de casas e apartamentos na região de Presidente Prudente apresentaram queda de 30,5%, de setembro para outubro. No mesmo período, o volume de novos contratos de locação assinados caiu 43,6%. O presidente do órgão, José Augusto Viana Neto, declara que o cenário em relação aos aluguéis poderá ser revertido por conta de uma particularidade do oeste paulista, que é a concentração de universitários durante o ano letivo.
“O que eu posso dizer é que, principalmente na região de Presidente Prudente, nós temos uma expectativa ainda esperançosa, muito boa, em razão das faculdades, das universidades, que existem na região, e a locação de imóveis para estudantes, que é sempre muito bem-vinda”, comenta o presidente do Creci-SP. “Isso movimenta um mercado grande, é um setor da economia importante para as imobiliárias da região, e acreditamos que esse processo deverá continuar crescendo, porque estão abrindo novas faculdades. Com isso, novos alunos virão e nós podemos aí trazer investidores nos imóveis para locação e, com isso, movimentar a economia local”, complementa.
Para o estudo, foram consultadas 89 imobiliárias nas cidades de Álvares Machado, Caiuá, Dracena, Iacri, Osvaldo Cruz, Pirapozinho, Presidente Bernardes, Presidente Epitácio, Prudente, Presidente Venceslau, Santo Anastácio, Teodoro Sampaio e Tupi Paulista.
No que diz respeito às vendas de casas e apartamentos na região, a retração não foi registrada somente no oeste paulista, indica José Augusto. “Ela está em todo o Estado, em todo o Brasil, pois as medidas restritivas impostas pelo Ministério das Cidades, cortando financiamentos de imóveis usados do Minha Casa, Minha Vida, de R$ 350 mil para R$ 270 mil, e obrigando a pessoa a dar 50% de entrada no imóvel desse valor trouxeram dificuldades, ninguém consegue fazer”, explica.
Segundo o presidente do conselho, famílias com renda de R$ 4 mil a R$ 8 mil “jamais teriam uma poupança no valor que o governo está impondo”. “Então, esta é a principal dificuldade. Só nesse setor, nós tivemos uma queda este ano, de agosto para cá, de mais de 85%. Então, infelizmente está registrado aí o motivo dessa dificuldade”, ressalta.
O cenário retratado no estudo surpreendeu a categoria, revela o presidente do Creci-SP. “Nós não esperávamos que isso fosse acontecer, porque jamais podíamos imaginar que haveria uma descaracterização do programa Minha Casa, Minha Vida como essa”, relata José Augusto, que ainda cita “perplexidade” diante de mudanças da CEF (Caixa Econômica Federal) em financiamentos com recursos da caderneta de poupança. “Jamais poderíamos esperar que isso fosse acontecer, mas aconteceu, infelizmente”, pontua.
“A permanecer este quadro de restrição para o financiamento, o prognóstico é ruim. Nós não temos uma previsão do tamanho da queda daqui para frente. Se de agosto para cá nós tivemos uma queda de 85% nos financiamentos do Minha Casa, Minha Vida, imagina se isso prossegue?”, questiona o presidente do Creci-SP, ao ser questionado pela reportagem sobre as expectativas para os próximos meses. “Acredito que o governo deverá tomar alguma medida, porque é impossível que esse dinheiro fique lá parado esperando para ser investido em construção, enquanto tem tanta gente sem casa e temos casa pronta aí, disponível para morar. Então, o nosso prognóstico é de dificuldades, mas estamos animados com a força econômica do país, o desenvolvimento e, principalmente, o crescimento de emprego formal, com carteira assinada”, finaliza.
Em agosto, o Ministério das Cidades publicou no DOU (Diário Oficial da União) a Instrução Normativa 17, que promoveu mudanças nas condições de financiamento de imóveis usados por famílias de renda mais alta, alcançando a Faixa 3 (renda entre R$ 4,4 mil e R$ 8 mil), o que impactou no valor máximo para enquadramento do imóvel usado a ser adquirido. Antes, limitado a R$ 350 mil, passou ao valor máximo de R$ 270 mil com a entrada em vigor da norma.
O valor máximo da cota de financiamento para aquisição de imóveis usados (razão entre o valor a ser financiado e o valor de venda do imóvel), que já havia sido alterado pela Instrução Normativa, de 26 de abril de 2024, voltou a ser ajustado. “Agora, a cota de financiamento máxima será de 50% para aquisição de imóveis usados nas regiões Sul e Sudeste, onde está concentrada a maior parte das operações de aquisição de imóveis usados firmadas neste exercício”, anunciou a pasta.
Além das mudanças nas condições de financiamento, as operações de aquisição de imóveis usados por famílias da Faixa 3 também contaram com um limite orçamentário correspondente a R$ 13,3 bilhões. “Com isso, o Ministério das Cidades procura garantir que a execução orçamentária da modalidade não ultrapassará o valor delimitado”, alegou o governo federal, sobre as medidas adotadas.
Cedida
José Augusto Viana Neto: “Locação de imóveis para estudantes é sempre muito bem-vinda”