Após 25 anos de negociações, o acordo de livre comércio entre Mercosul (Mercado Comum do Sul) e União Europeia foi anunciado no início de dezembro de 2024 em Montevideo, no Uruguai. A medida, que visa reduzir as tarifas de exportação entre os blocos econômicos, promete gerar impacto direto em diversos setores. Em Presidente Prudente, lideranças do agronegócio, comércio e indústria avaliam o acordo com otimismo, mas não sem ressalvas.
Para Carlos Roberto Biancardi, presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente, o pacto pode ser vantajoso, mas gera preocupação quanto à recepção dos produtores europeus frente à competitividade do agronegócio brasileiro:
“Acordos comerciais multilaterais, em princípio, tendem a favorecer os fluxos de comércio e serviços em ambos os sentidos. Nesse caso Mercosul/União Europeia, essa perspectiva é positiva em vista da complementariedade das economias envolvidas. Quanto ao agro, preocupa a reação dos produtores europeus preocupados com a defesa de seu mercado face à maior competitividade e eficiência principalmente dos produtores brasileiros. Ainda assim, vejo com otimismo a possibilidade de expansão de nosso comércio exterior", destacou Biancardi.
Na visão de Raul Audi Junior, presidente da Acipp (Associação Comercial e Empresarial de Presidente Prudente), o acordo pode ampliar os mercados consumidores para empresas locais, além de fomentar a inovação e a competitividade:
"O acordo, que resulta numa das maiores áreas de livre comércio do mundo, deve seguir para análise em cada uma das nações integrantes. Feita essa ressalva, é certo que conterá diversos mecanismos de cooperação e oportunidades para o aumento do comércio e investimentos bilaterais, o que é bastante promissor para o Brasil. Trazendo para o âmbito regional, empresas da região poderão exportar mais, aumentando os seus mercados consumidores", disse o presidente da Acipp.
Ele também realçou que o pacto abre portas para setores além do agronegócio. “Além dos benefícios diretos ao agronegócio, o acordo abre portas para outros setores interessados em negociar com a União Europeia. Isso reforça a livre iniciativa, a competitividade e a inovação, valores que são caros às Associações Comerciais”.
Já o diretório regional do Ciesp/Fiesp (Centro e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) compartilhou a avaliação de Rafael Cervone, presidente do Ciesp e vice-presidente da Fiesp. Cervone destacou os benefícios para a indústria brasileira com a eliminação de barreiras tarifárias:
“O acordo entre o Mercosul e a União Europeia representa um marco significativo para a indústria brasileira, oferecendo uma série de oportunidades para fortalecer a presença de nosso país no comércio internacional e aumentar sua competitividade global. Com a abertura do mercado europeu, o acesso preferencial do Brasil ao mercado mundial aumenta de 8% para 37%”.
Cervone enfatizou também que 97% das exportações industriais brasileiras para a União Europeia passarão a ter tarifa zero, o que representa um estímulo significativo para produtos de maior valor agregado:
“A abertura do mercado europeu permitirá ao Brasil fortalecer sua presença nas cadeias globais de valor. Diversificar a pauta de exportações reduz a dependência de poucos mercados e aumenta a resiliência econômica frente a crises global”, pontuou.