Lenda do rádio esportivo brasileiro, prudentino Flávio Araújo morre aos 90 anos

Jornalista faleceu de causas naturais em São José dos Campos; ele escreveu para jornais, inclusive O Imparcial, e narrou partidas de futebol, lutas de boxe e corridas de Fórmula 1

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 17/09/2024
Horário 17:32
Foto: Arquivo
Flávio Araújo deixa legado na narração esportiva
Flávio Araújo deixa legado na narração esportiva

Lenda do rádio esportivo brasileiro, o jornalista prudentino Flávio Araújo morreu de causas naturais na madrugada desta terça-feira, aos 90 anos, em São José dos Campos (SP).

A Prefeitura de Presidente Prudente declarou luto oficial de três dias pelo falecimento do narrador esportivo. O decreto foi publicado em edição extraordinária do Diário Oficial nesta terça.

"O maior de todos os narradores entre os nascidos nesta cidade e, indiscutivelmente, um dos melhores do país e quiçá do mundo", descreve o jornalista Homéro Ferreira.

Em reportagem para O Imparcial publicada em maio de 2020, Homéro contou um pouco da trajetória do ídolo. Segundo ele, Flávio queria ser cantor. Portanto, foi cantar em uma festa da Rádio Difusora, então conhecida como PRI-5 A Voz do Sertão. Recebeu convite para ser locutor e, em 1950, teve início uma carreira de sucesso, com passagem por Dourados (MS), e consolidada no rádio paulistano, de 1958 a 1982, na Bandeirantes. Depois na Gazeta, até 1986.

Flávio narrou cinco Copas do Mundo, de 1966 a 1982; e a Libertadores, de 1960 a 1983, em tempos que se viajava para fazer as transmissões.

"Quando nem era usual a palavra multifuncional, Flávio Araújo já exercitava a polivalência: atuava na área comercial, escrevia para três jornais e a narração não se restringia ao futebol, pois transmitiu lutas de boxe e corridas de Fórmula 1, entre outras modalidades", apontou Homéro.

Ele acompanhou carreiras históricas, como a do pugilista Éder Jofre e a de Pelé, visto por ele como iluminado, inclusive com a narração histórica do milésimo gol, no Maracanã. "Em São Paulo, pelo Brasil e no mundo afora, levou e elevou o nome de Presidente Prudente", destacou a reportagem da época.

Criado em Prudente

Flávio era filho dos pioneiros Tibúrcio de Araújo e Dulce Moura de Araújo, nasceu em 29 de julho de 1934 e teve dois irmãos: Cleusa e Francisco. Na infância, jogou bola nos campos de terra das vilas Euclides e Glória, nas imediações da Santa Casa.

Jogou no infantil do Palmeiras, Corintinha e Prudentina. Quando seu pai se dedicou à cultura de hortelã em Álvares Machado, frequentou escola rural e, na classe de 72 alunos, eram somente dois brasileiros: ele e a professora. Os demais eram japoneses ou descendentes.

Naquela ocasião, ingressou precocemente na escola. Aos seis anos, como não podia ser matriculado na escola pública, seus pais o levaram para o Colégio Cristo Rei. No ano seguinte, deixou a escola católica e foi para a escola de um pastor evangélico chamado Assis. O ensino básico, do primário ao colegial, foi em duas escolas públicas: Arruda Mello e Fernando Costa. Antes de ingressar no rádio, trabalhou fazendo entregas para uma farmácia e no Banco Sul-Americano do Brasil.

Casou-se em 1953 com Maria Lourdes Ferigatto e tiveram cinco filhos: Flávio e Vinícius, prudentinos; e Helder, Adriano e Silvio Américo, paulistanos. O primogênito era engenheiro de comunicação e morreu no trágico acidente aéreo da TAM, em 1996.

Passados 20 anos, em 2016, ficou viúvo quando morava na estância hidromineral Águas de Santa Bárbara. Após deixar o rádio em São Paulo, prestou serviços para jornais, rádios e site da capital e do interior paulista e mineiro.

Por muitos anos, Flávio escreveu a coluna Charanga Domingueira em O Imparcial.

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