Leitura e escrita no século 21

OPINIÃO - Paula Carneiro

Data 20/08/2024
Horário 05:00

Ao dominarmos a leitura abrimos inúmeras oportunidades para nosso desenvolvimento e crescimento pessoal, pois podemos assim participar ativamente da vida social. Faz mais de 500 anos que o alemão Johannes Gutemberg inventou a prensa manual e deu início a uma das maiores revoluções da humanidade, o acesso à leitura. A técnica foi criada em 1453, mas a impressão de seu primeiro livro, a Bíblia, só foi completada em 1455. No entanto, até hoje ler ainda é um grande problema para muitos.
A sociedade pós-moderna exige um ser humano autônomo e solidário, isso representa e retrata as novas tendências mundiais, inclusive a de mercado de trabalho. Segundo José Bernardo Toro, em “Códigos da Modernidade”, algumas competências serão necessárias para que pessoas possam enfrentar os desafios do milênio e uma delas é o domínio da leitura e da escrita e diz assim: “Para se viver e trabalhar na sociedade altamente urbanizada e tecnificada do século 21, será necessário um domínio cada vez maior da leitura e da escrita. As crianças, adolescentes e jovens terão de saber comunicar-se usando palavras, números e imagens. Saber ler e escrever já não é um simples problema de alfabetização, é um autêntico problema de sobrevivência”.
O desafio de toda escola hoje é formar leitores e escritores, o que requer contato com a leitura e produção de textos o tempo todo. Por isso precisamos de professores preparados para desenvolver o gosto pela leitura e escrita em alunos que têm em seu dialeto palavras como play, pause, stop, enviar, receber, salvar, deletar. São jovens com um mundo de informações disponíveis em um click. Conta assim uma história: 
A mulher entra no quarto do filho decidida a ter uma conversa séria, pois de novo, as respostas dele à interpretação do texto na prova sugerem uma grande dificuldade de ler.
Dispersão pode ser uma resposta para parte do problema. A extensão do texto pode ser outra, mas nesta ela não vai tocar porque também é professora e não vai lhe dar desculpas para ir mal na escola. Preguiça de ler parece outra forma de lidar com a extensão do texto. Ele está, de novo, no computador, jogando. Levanta os olhos com aquele ar de quem pode jogar e conversar ao mesmo tempo. A mãe lhe pede que interrompa o jogo e ele pede à mãe “só um instante para salvar”. Curiosa, ela olha para a tela e se espanta como jogo em japonês. Pergunta-lhe como consegue entender o texto para jogar. Ele lhe fala de alguma coisa parecida com uma “lógica de jogo” e sobre algumas tentativas com os ícones. Diz ainda que conhece a base da história e que, assim, mesmo em japonês, tudo faz sentido. Aquela conversa acabou sendo adiada. A mãe-professora não se sentia pronta naquele momento. (Raquel Barreto (2002, p.75) 2006).
Assim, caro leitor, não há mais como negar que as tecnologias de informação e de comunicação revolucionaram as tradicionais formas de circulação social dos textos.  Crianças, jovens e adultos são atraídas pelo universo midiáticos onde diferentes linguagens circulam. A televisão, o rádio, o vídeo, a mídia impressa, imagens, a hipermídia e a internet podem se constituir em excelentes recursos mobilizadores para o desenvolvimento das competências leitoras e escritoras.
Para se comunicarem com mais rapidez os jovens internautas estão criando novas formas de linguagem. O “internetês”, que é uma simplificação informal da escrita. Consiste numa codificação que utiliza caracteres alfanuméricos (emoticons) e a redução de letras das palavras. Aos educadores é uma questão de bom senso e saber impor limites. Há textos que podem ser escritos com esta linguagem, que normalmente são em conversas informais entre amigos. Há outros com objetivos de elaborar um relatório ou mesmo um texto científico, esses sim, deverão ser escritos na forma culta da escrita, até porque estamos na era dos tabletes que permitem ao aluno fazer inúmeras leituras de livros.
Os tabletes são a cara do jovem do século 21, são modernos, são pequenos e leves, podendo ser carregados para qualquer lugar e cabem na mochila ou bolsa pequena, bem, escondidos. Ideal para quem viaja de metrô ou ônibus todos os dias e que precisa levar suas informações pessoais e gerais para a escola ou trabalho.
Com todos esses novos desafios pedagógicos para as escolas, o fundamental é que os professores estejam bem preparados para enfrentá-los. Precisamos repensar todo o processo, reaprender a ensinar, a estar com os alunos, a orientar atividades, a definir o que vale a pena, a aprender a ler novamente, a ler o mundo com a cara do século 21.
 

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