Kinoglass encerra ciclo com show no CEU e reforça ocupação dos espaços públicos pela cultura

Banda promete criar um ambiente onde o público sentirá o peso das palavras, das distorções e das batidas não apenas como música, mas como um manifesto vivo; evento ocorre hoje, às 20h

VARIEDADES - DA REDAÇÃO

Data 23/02/2025
Horário 09:34
Foto: Divulgação
Kinoglass desafiou convenções ao estruturar seu som sem guitarras, utilizando apenas baixo e bateria como base instrumental
Kinoglass desafiou convenções ao estruturar seu som sem guitarras, utilizando apenas baixo e bateria como base instrumental

Neste domingo, às 20h, a Kinoglass sobe ao palco do CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados) Prof. Samoel Brondi, em Presidente Prudente, para um show que promete ser um marco na trajetória da banda e na cena underground da região. O evento, viabilizado por meio do Edital da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB 2024), não apenas destaca a importância das políticas públicas de incentivo à arte, mas também reforça o papel fundamental da ocupação dos espaços públicos como ferramentas de democratização cultural.

A apresentação, definida pela própria banda como seu “último” show, levanta questionamentos sobre o futuro do trio, que já se consolidou como um dos nomes mais inovadores do metal extremo brasileiro. Segundo Luís Farrús, baixista da banda: "O 'último' show da Kinoglass é um evento que fecha as portas do que tem sido feito até agora. Os novos capítulos da banda ou de cada um após isso serão ditos com o tempo. Sentimos que era o momento ideal de fechar pelo menos esse ciclo, e não existia oportunidade melhor que essa".

Peso, experimentação e resistência

Formada por Guilherme Sala (bateria), Luís Farrús (contrabaixo) e Wendrel Salmazo (vocais), a Kinoglass desafiou convenções ao estruturar seu som sem guitarras, utilizando apenas baixo e bateria como base instrumental, uma escolha ousada para um estilo onde as guitarras sempre foram protagonistas. Além disso, a banda tomou um posicionamento político claro, fazendo do metal não apenas uma expressão artística, mas uma ferramenta ativa de resistência.

"O 'ÚLTIMO' SHOW DA KINOGLASS É UM EVENTO QUE FECHA AS PORTAS DO QUE TEM SIDO FEITO ATÉ AGORA. OS NOVOS CAPÍTULOS DA BANDA OU DE CADA UM APÓS ISSO SERÃO DITOS COM O TEMPO. SENTIMOS QUE ERA O MOMENTO IDEAL DE FECHAR PELO MENOS ESSE CICLO, E NÃO EXISTIA OPORTUNIDADE MELHOR QUE ESSA"
Luís Farrús

"Estamos constantemente tentando subverter o próprio estilo, tanto na formação, não tendo a guitarra como instrumento, já que ela é um dos pilares principais do metal, mas também como contexto político na música. Vendo algumas bandas adotando posturas conservadoras e crescendo em cima de discursos de ódio, motiva ainda mais a gente a tomar a frente contrária na luta e se posicionar ativamente para que isso não domine a cena, com os princípios da resistência e da rebelião, cargos-chefes do metal”, ressalta Luís Farrús.

A experiência do show será “intensa e imersiva”. Para além das composições pesadas, rápidas e agressivas, a banda promete criar um ambiente onde o público sentirá o peso das palavras, das distorções e das batidas não apenas como música, mas como um manifesto vivo. A cada batida do bumbo, a terra treme; a cada grito de Wendrel, uma angústia coletiva encontra eco; e a vibração do baixo de Farrús ressoa como uma marcha contra tudo aquilo que precisa ser destruído para dar lugar ao novo.

Repertório

O repertório trará faixas do EP "Se a Carapuça Servir", lançado ano passado, que mistura composições inéditas e releituras de músicas antigas, agora reinterpretadas com letras afiadas e críticas diretas ao sistema político e à sociedade. A performance também contará com um intérprete de Libras, garantindo que a mensagem da banda alcance novos públicos e reforçando a necessidade de um metal mais acessível e inclusivo. O CEU Professor Samoel Brondi também possui acessibilidade arquitetônica, garantindo conforto e autonomia para todos os espectadores.

Democratização da cultura

A escolha do CEU como palco para esse evento reforça a importância da ocupação dos espaços públicos pela cultura. Situado no Jardim Itapura, o CEU é um dos poucos equipamentos culturais de acesso gratuito, permitindo que a arte chegue além do centro da cidade, alcançando novos públicos e descentralizando a produção cultural.

Esse aspecto é fundamental para a democratização da cultura, pois muitas vezes, eventos culturais ficam restritos a espaços privados e elitizados, afastando a população que mais precisa da arte como forma de expressão e pertencimento. Graças ao Edital da PNAB 2024, esse show acontece sem custos para o público, garantindo que qualquer pessoa possa vivenciar essa experiência intensa e transformadora.

Uma despedida ou um novo começo?

O show da Kinoglass no CEU pode ser visto de duas formas: como um fim ou um recomeço. O que virá depois, ninguém sabe. Mas uma coisa é certa: essa apresentação será um marco na história da banda e da cena underground da cidade.

A entrada é gratuita e não é necessário retirar ingressos antecipadamente. O CEU Professor Samoel Brondi está localizado na Avenida Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, 13006 - Jardim Itapura I e II, Presidente Prudente - SP.

SERVIÇO
Data: domingo, dia 23
Local: CEU Professor Samoel Brondi (Presidente Prudente - SP)
Entrada gratuita
Horário: roda de conversa às 19h e show às 20h
Acessibilidade: Intérprete de Libras e espaço com acessibilidade arquitetônica


 


 

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