A Justiça manteve a prisão preventiva de um homem de 32 anos que, durante suposto "racha", atropelou e matou um ciclista de 64 anos e deixou duas pessoas feridas. O caso ocorreu na noite de sábado, em Presidente Prudente.
De acordo com boletim de ocorrência registrado na Delegacia Participativa da Polícia Civil, o indiciado, após ingerir bebida alcoólica, dirigia um Volkswagen Golf Variant e, na altura do número 40 da Rua José Albertoni, no Jardim Tropical, atropelou uma motociclista de 21 anos e um passageiro de 29 anos, que ficou em estado grave (veja vídeo abaixo).
O rapaz foi socorrido e encaminhado para o HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo. Em nota, a instituição informa que o paciente deu entrada no pronto-socorro da unidade às 21h20 de sábado e está sob os cuidados da equipe médica e multiprofissional. Neste momento, seu estado de saúde é considerado estável. Já a jovem foi conduzida à Santa Casa de Misericórdia com ferimentos leves.
O registro policial aponta que, em vídeos registrados por câmeras de monitoramento, é possível também constatar um homem em uma moto de grande porte e potência, marca BMW, que trafegava na companhia do indiciado. Ambos, aparentemente, fizeram uma conversão e arrancaram em altíssima velocidade, tanto que se percebe que não foi possível à motociclista avistar a aproximação deles. Ainda segundo a polícia, pelo que se observa, as vítimas foram atingidas sem que o autor ao menos tenha freado o veículo. Em seguida, ele continuou o trajeto ainda em alta velocidade.
A corporação expõe que a velocidade com que os dois veículos arrancaram indica a prática de disputa automobilística - o "racha".
Cerca de 100 metros à frente, na altura do número 230 da Rua Belmiro de Jesus, no mesmo bairro, o condutor do Golf Variant também atropelou um ciclista de 64 anos, cujos ferimentos gravíssimos o levaram à morte no local.
Na ocasião, o autor também fugiu e foi para sua casa, onde estacionou o veículo na garagem e se escondeu junto aos demais familiares. No momento em que as vítimas eram socorridas, testemunhas indicaram aos policiais o local de residência dele.
Os agentes foram até o endereço e chamaram diversas vezes, sem resposta, até que ingressaram no imóvel e localizaram o homem e o automóvel.
O indiciado se recusou a fazer o teste de bafômetro, mas exame realizado por médico legista atestou sinais de consumo de álcool, porém, sem alteração da capacidade psicomotora.
O condutor da motocicleta que teria praticado "racha" com o Golf Variant foi identificado como proprietário de uma firma que atua no ramo de toldos. Consta que ele retornou ao local fingindo nada saber e perguntando o que tinha ocorrido, quando foi reconhecido por testemunhas como o motoqueiro que seguia o veículo. Há vídeos do autor e do motociclista consumindo bebida alcoólica em um bar logo antes dos fatos.
Foto: Polícia Civil - Carro dirigido por indiciado que atropelou três pessoas
Foto: Polícia Civil - Carro dirigido por indiciado que atropelou três pessoas
A Polícia Civil expõe que o autor conduzia o veículo em altíssima velocidade por locais movimentados e, mesmo após ocasionar o primeiro fato, persistiu na conduta, causando o segundo, "evidenciando, assim, a sua completa indiferença quanto aos resultados produzidos, sendo que pelas peculiaridades citadas, as circunstâncias indicam que a conduta foi dolosa, eis que evidentemente assumiu o risco de produzir os resultados".
A corporação denota que o crime causou grande comoção popular, pois, quando os policiais ingressaram na residência do indiciado, já havia cerca de 50 pessoas que pretendiam invadir o local buscando vingança. O mesmo ocorreu quando ele foi conduzido à delegacia, o que exigiu esquema especial da segurança para a sua transferência.
A polícia menciona que o fato tomou grande repercussão nas redes sociais, contexto em que se tornou necessária a segregação cautelar do indiciado como medida necessária à ordem pública.
Por esta razão, o delegado em plantão representou pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, medida mantida pela Justiça.
Durante interrogatório na delegacia de polícia, o acusado negou a prática de "racha" e de ter conduzido o veículo em alta velocidade. Afirmou não se lembrar se não freou o veículo quando atropelou a moto e que só estava voltando para casa.
Relatou que chegou a um bar da Cohab por volta das 16h e saiu por volta das 20h. No local, consumiu cerveja. Apontou que o carro que dirigia é da irmã e, após os atropelamentos, não mandou o suposto parceiro de "racha" retornar ao local, tampouco falou com ele por telefone.
Enfatizou não ter visto os atropelamentos e que só chegou em casa, deitou e dormiu. Negou ter usado substâncias entorpecentes ou ser usuário. Também nunca foi preso. Ele e o motociclista moram perto e estavam voltando para casa. Disse não saber por que o outro voltou ao local.
Em decisão publicada neste domingo, a Justiça determinou que a polícia mantenha recolhido, em razão da conversão da prisão em flagrante em preventiva, o indiciado com o objetivo de "garantir a ordem pública e assegurar a aplicação da lei penal, somado ao perigo que implica à sociedade a liberdade do autuado, é de ser mantida a prisão provisória, bem como não se afigura recomendável a sua substituição por medida cautelar diversa".
O indiciado responderá pelos crimes de omissão de socorro, fuga de local de acidente, homicídio e tentativa de homicídio na condução de veículo automotor.