O juiz Antônio Roberto Sylla, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Presidente Prudente, proferiu hoje a sentença que condena os quatro acusados pelo latrocínio que vitimou o motorista de aplicativo, Luciano Galindo, em junho do ano passado. A vítima, 42 anos, foi morta após atender a uma solicitação de corrida em Presidente Prudente.
No documento ao qual O Imparcial teve acesso, há relatos detalhados sobre a ação dos criminosos e de um adolescente, durante a madrugada do dia 15 de junho. A intenção de roubar o veículo da vítima fica clara em um trecho da investigação. “Os imputados, sempre unidos no mesmo desiderato e com a participação do adolescente, deliberaram roubar um veículo automotor nesta cidade, supostamente para leva-lo ao Paraguai e, lá, permuta-lo por uma quantidade de droga”.
APURAÇÃO
DA POLÍCIA
A Polícia Civil apurou que, sob a orientação de um rapaz de 24 anos, o agente de segurança de uma lanchonete, 57 anos, pediu à colega de trabalho para fazer pedido de transporte por aplicativo, com local de partida no estabelecimento. O destino seria casa do menor, no Residencial Maré Mansa. No veículo da vítima embarcaram três indivíduos: dois de 20 anos e o adolescente de 16, irmão do mentor.
Durante o trajeto, próximo ao Maré Mansa, [um dos rapazes] que ocupava o assento traseiro, agarrou a vítima pelo pescoço, ao tempo em que [o outro], que estava no banco dianteiro do passageiro, desligou o motor do veículo e tirou as chaves do contato”, expõe a polícia. “Os imputados então agrediram a vítima e o menor desferiu contra ela cerca de 20 golpes de faca, produzindo-lhe ferimentos graves, que deram causa à sua morte por choque hemorrágico decorrente de lesão hepática produzida por instrumento perfurocortante”.
Após o crime o trio colocou Luciano no porta-malas e abandonou o corpo em uma vala da estrada rural Benedito Francisco da Silva, em Álvares Machado. Na sequência, os três levaram o carro Fiat/Uno a Ponta Porã (MS), onde trocaram por três tijolos de maconha, com promessa de envio de mais 60 kg da droga. O traficante desconhecido deu a eles R$ 500 para que retornassem de ônibus. Porém, foram detidos em Nova Alvorada do Sul (MS) por tráfico e confessaram o latrocínio e ocultação de cadáver.
SENTENÇA
PROFERIDA
A respeito do mentor do latrocínio, o magistrado considera: “embora em nenhum momento tenha estado na cena do crime, foi ele que arquitetou o crime e orientou os comparsas. [O agente de segurança] sabia da intenção e auxiliou a sua concretização, arrumando pessoa com celular insuspeito para solicitar a corrida”.
“As condutas de todos os réus foram importantes e conscientes para o final desejado, morte da vítima e subtração do veículo, de forma que não há que se falar em participação de menor importância ou falta de dolo necessário ao delito de latrocínio”, expõe o juiz.
Diante da análise, o magistrado procedeu a condenação não apenas pelo crime de latrocínio, mas pelo delito de ocultação de cadáver e corrupção de menor, uma vez que foi apontado que o adolescente agiu a mando do irmão (mentor) e que os demais sabiam.
Ao final das análises, o juiz condenou os dois indivíduos de 20 anos e o de 57 anos, há 29 anos, nove meses e 10 dias de reclusão, em regime inicial fechado. O trio é réu primário. Por sua vez, o mentor do crime, homem de 24 anos, teve a pena de 39 anos, oito meses e 13 dias de reclusão, em regime inicial fechado; este, reincidente na prática de crime doloso e equiparado a hediondo. Todos já se encontram presos no sistema penitenciário.