Em decisão monocrática, a Justiça autorizou o retorno das visitas presenciais em todos os 176 presídios de São Paulo. A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) agora está autorizada a planejar o retorno da visitação, com adoção de medidas de preservação da saúde e de acordo com estudos regionais e boletins atualizados das autoridades sanitárias.
Conforme reportagem do Sindasp (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo) , a decisão foi dada na manhã de ontem pela 6ª Câmara de Direito Público do TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo).
Na última quarta-feira, o Estado de São Paulo pediu, em recurso, o efeito suspensivo do mandado de segurança do sindicato que havia garantido a proibição das visitas por causa da pandemia do novo coronavírus.
A relatora do processo, desembargadora Maria Olívia Alves argumenta na decisão que autoriza a retomada das visitas e que agora o Estado “encontra melhores condições e circunstâncias para combater a doença, diante da queda do número de novos casos, de óbitos, e melhor capacitação do sistema de saúde para atendimento da população”.
Representantes do Fórum Penitenciário Permanente, que reúne Sindasp, Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo) e Sindcop (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária e demais Servidores do Sistema Penitenciário Paulista), consideram a decisão "irresponsável".
“Estamos lutando pela vida, sabemos que será um caos este retorno, uma vez, que a Covid já está presente dentro dos presídios”, lamentou Fábio Jabá, presidente do Sifuspesp.
O presidente do Sindcop, Gilson Pimentel Barreto, também lamentou o fato. “Entendo que foi uma decisão mais política do que jurídica e caso ocorra uma eclosão nos números de casos e mortes dentro do sistema penitenciário, em servidores ou presos, nós iremos cobrar a responsabilidade do secretário da pasta e do governador”.
Para Valdir Branquinho, presidente do Sindasp, a retomada das visitas presenciais pode colocar em risco o trabalho de contenção da doença feito pelos servidores. “Foi uma decisão precipitada”.
De acordo com o Sindasp, no boletim fornecido pela SAP mostra que 5.812 servidores e 10.240 presos se infectaram com o coronavírus nas unidades prisionais de São Paulo. Até o momento, 31 servidores e 32 presos morreram pela doença.
A SAP divulgou na última quarta-feira que já estava preparando a retomada gradual das visitas nas unidades prisionais. Segundo a pasta, os protocolos de regras para visitação foram submetidos à análise e aprovados pelo Centro de Contingência do Coronavírus.
De acordo com a secretaria, a retomada das visitas presenciais faz parte da fase 3 do Programa Conexão Familiar. A visitação ocorrerá aos finais de semana e cada detento poderá receber apenas uma pessoa, desde que esteja cadastrada no rol de visitas, tenha entre 18 a 59 anos e não pertença aos grupos de risco da Covid-19.
As visitas íntimas continuarão suspensas. Segundo a SAP, haverá medição de temperatura e saturação de oxigênio antes das visitas entrarem nas unidades. “A limpeza das mãos com álcool gel 70% será obrigatória, assim como a passagem por mecanismos de higienização dos calçados. Os visitantes e presos também deverão utilizar máscara durante todo o período de permanência nos presídios”, afirma comunicado da secretaria.
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