A estudante Ana Clara Ramos Ferreira só tinha 4 anos de idade quando passou a frequentar a Escola Municipal de Artes Professora Jupyra Cunha Marcondes em Presidente Prudente e atualmente aos 17, mesmo com pouca idade, pode-se afirmar que tem muita história para contar.
Apaixonada pela arte e música, Ana Clara teve grandes influências antes mesmo de chegar à escola. A mãe Ana Rodrigues Ramos Ferreira, 43 anos, professora da Escola Municipal de Artes Jupyra Cunha Marcondes, há 26 anos levou a filha para ter aula de iniciação musical. “Minha mãe é uma inspiração, ela sempre se dispôs de tudo. Então, a minha criatividade e a minha empatia sempre foi diferente das outras pessoas devido ao fato de eu ser muito próxima da arte e poder vivenciar a música muito cedo na minha vida”, frisa.
A mãe relata que a filha teve envolvimento com a música desde sua gestação, pois ela e seu marido eram músicos e desta forma fez com que ela crescesse em um ambiente musical. “Nas aulas, ela foi desenvolvendo seus talentos e habilidades artísticas, principalmente, para o canto e percussão”, destaca.
Na iniciação de música da instituição, Ana Clara foi apresentada a vários instrumentos, além do contato com aulas de estruturação, harmonia, coral, história da música, música computadorizada, oportunidades que segundo ela influencia para gerar bons músicos. Aos 7 anos iniciou as aulas de piano e sua paixão pela música cresceu ainda mais. A mãe descreve que o envolvimento de Ana Clara, assim como o interesse pela música foi natural e conforme foi crescendo, a filha foi sentindo a necessidade de mostrar aos colegas o quão importante era a música na sua vida e como te fazia bem, daí o interesse em projetos de disseminação cultural.
Academia de lideres
Ana Clara foi um dos 28 adolescentes selecionados entre os 800 candidatos de toda a América Latina, para frequentar em fevereiro deste ano, a Lala (Latin American Leadership Academy - Academia Latino-americana de Lideranças), em Buenos Aires, Argentina. O Lala é um programa que busca incentivar jovens líderes em suas comunidades a resolverem os problemas existentes na América Latina e foi criado com o objetivo de viabilizar projetos, ONGs e organizações que ajudam no desenvolvimento da sociedade.
Cada um dos adolescentes selecionados tinha uma característica que representava sua forma de liderança e no caso de Ana Clara foi seu envolvimento com a música. Durante uma semana, os selecionados se juntaram em grupos a fim de proporcionar um projeto de interesse coletivo que servisse como contribuição para a sociedade. Na ocasião, desenvolveram ideias para compensar a não valorização dos artistas musicais nos países. “Eu compartilhei o sentimento que eu tinha em relação aos artistas e a falta de consideração. Eles sentiram empatia pelo problema e resolvemos criar a Fundação Maia, que tem como proposito ajudar artistas que queiram desenvolver projetos e que não se sentem apoiados ou valorizados dentro de suas comunidades”.
Desta forma, o incentivo do projeto é que esses artistas realizem trabalhos voluntários para inspirar outras crianças para que consigam perceber o que é a arte, como a arte é importante e, principalmente, a sua valorização na América Latina.
Neste empreendimento, a prudentina Ana Clara contou com a participação de Iara Maçaira (Brasil/ Pernambuco), Matias Mercado (La Paz/ Bolívia) e Alexis Cardenas (Puerto Vallarta/ México). O projeto é visionário e contará com contrapartidas dos artistas para a comunidade com fomento de cultura. A primeira experiência do projeto deve ser na cidade do Recife, neste ano, ainda sem data definida.
“A música tinha e tem um poder muito forte de transformação”
Ana Clara Ramos Ferreira
A importância de ter participado do Lala segundo a estudante, foi a oportunidade de conhecer pessoas novas, lugares diferentes, trocas de experiências, conhecer a realidade de adolescentes de outros países, conversar com empreendedores argentinos, mas ao mesmo tempo conhecer líderes brasileiros que serviram de inspirações para vida e principalmente encontrar pessoas que compartilhavam do mesmo sentimento em relação à música.
Carreira
Ao ser interrogada sobre a música em sua vida, Ana Clara acredita que seus aprendizados tenham sido ser mais humana, entender o sentimento das pessoas, ser mais forte emocionalmente, mais estruturada e que a música e a arte influenciaram nesta formação.
A jovem afirma que sempre quis seguir uma carreira que tivesse ligação da música e acabou descobrindo a musicoterapia e percebeu nela como uma forma de ajudar às pessoas. “A música tinha e tem um poder muito forte de transformação. Ela mudou minha vida, porque eu só tenho consciência das oportunidades que tive por conta do que a música e que a arte fizeram na minha vida”, destaca.
Ana Clara relata que a mãe sempre representou inspiração. “Ela é uma mulher muito forte, sempre lutou pela música, seu reconhecimento e trabalho. Ela acredita muito em mim, em todos os meus projetos, tudo o que eu tenho vontade de fazer ela sempre me dá forças e diz que eu sou capaz. Ela sempre esteve muito presente nessa minha formação e me apoia constantemente” relata. A mãe se orgulha muito da filha e aluna. “Além de ser mãe também fui professora dela então acho que o nosso envolvimento foi ampliado ainda mais, principalmente por ser na música que por si só tem o poder de envolvimento. Sou abençoada pela filha que tenho!”