Tendo na bagagem algumas viagens internacionais, na maioria das vezes, no estilo mochilão e solitário, o jornalista e aventureiro prudentino Dirceu Medeiros acaba de realizar mais uma proeza. Em meados de junho embarcou numa viagem de dez dias sobre duas rodas. Saiu de Sertãozinho com destino a Aparecida. A viagem de bicicleta começou a ser preparada depois de ver na TV uma reportagem sobre um roteiro turístico religioso que existe desde 2003, onde peregrinos, a pé ou de bicicleta, realizam a romaria até a cidade e basílica de Aparecida. A maioria destas pessoas costumam ir em grupos, mas ele preferiu ir sozinho, pois o objetivo da viagem, segundo ele, era contemplar as belas paisagens da serra da Mantiqueira, conversar com os moradores dos locais por onde passou e descobrir as curiosidades desta magnífica região e buscando o autoconhecimento, sem preocupar com o tempo, numa viagem de auto conhecimento.
O maior desafio desta viagem que ocorre nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, não é a distância e sim a altitude, já que perto da cidade de Campos Jordão, a última cidade, antes de chegar a Aparecida, chega-se a três mil metros acima do nível do mar. O trajeto de Sertãozinho até a Basílica são de 592 km realizados em 10 dias, pedalando 60 km por dia .
Ele conta que a maior parte do trajeto é feito em trilhas e estradas de terra, atravessando diversas matas, reservas ambientais e canaviais. Todo trajeto é sinalizado para o peregrino não se perder, mas durante a viagem passou por diversas situações inusitadas como sentir que tinha uma onça por perto, se perder no meio canavial, ser atacado por cães e cair da bicicleta. Mas o melhor de tudo foi poder conhecer pessoas com a verdadeira essência do ser humano, onde foi gratificado com a bondade e hospitalidade das pessoas. Ela ressalta que um dos melhores momentos da viagem foi poder jantar com uma família, onde foi acolhido com todo o carinho que poderia ter recebido por um estranho ou até mesmo deixar as despesas de hospedagem “pendurada” para pagar depois, pois seu dinheiro havia acabado e o dono da hospedagem não aceita cartão de crédito.
Para realizar a tal façanha começou a se preparar, buscando informações sobre o roteiro como por onde começar, onde dormir e se alimentar. Descobriu que existem setes ramais secundários onde todos se encontram em Tambaú e de lá segue numa trilha única até Aparecida. Escolheu o mais longo, pois o desafio seria maior e o gosto da vitória também.
Como iria numa missão solitária, fez um check up médico que o autorizou a viagem. Começou a treinar todos os dias em trajetos curtos e quando foi chegando a data da partida, aumentou o tempo e distancia de treino para fortalecer os músculos das pernas, para evitar a fadiga e possíveis câimbras. Preparou a bagagem que, junto com a bike, tinha 26 quilos, o que exigiu um esforço extra.
Numa de suas pesquisas descobriu que esta romaria é uma versão brasileira da peregrinação europeia do caminho de Santiago de Compostela. Levou consigo um bloco de notas, onde, quando chegava nas pousadas, anotava tudo detalhadamente.
Com este material, junto com mais 300 fotos, resolveu compartilhar esta jornada através de um livro que está em processo de finalização e deve ser lançado nos próximos dias onde narra de uma forma bastante informal, a sua experiência nesta viagem solitária.
Dirceu já escolheu o título do seu livro. “Dez dias mais perto do céu” será o relato de uma viagem que nasceu da vontade de vencer um desafio físico e psicológico e, que durante o seu percurso, se tornou uma experiência espiritual. Daí o título do ensaio que tem duplo sentido: Perto do céu alusivo ao paraíso bíblico e perto do céu devido a sua grande dificuldade, por causa da elevada altitude, onde em alguns pontos ultrapassou a marca dos três mil metros de altura, acima do nível do mar.
Jornalista e aventureiro prudentino escolheu o trecho mineiro da Serra da Mantiqueira para sua peregrinação até Aparecida do Norte
Dirceu Medeiros encontrou o “Menino da Porteira”, na Estrada de Ouro Fino