Jorge Sampaio

António Montenegro Fiúza

«Quando olho para trás, para a minha longa vida pública, o que emerge não são feitos passados, mas a preocupação com o futuro.» Jorge Sampaio, abril de 2017

Enquanto nos debruçamos sobre presidentes e presidências, relembro na minha juventude, dos primeiros passos políticos, como mandatário da juventude da candidatura do Dr. Jorge Sampaio e de ter como modelo não apenas partidário mas pelo grande humanista, visionário e revolucionário, que fora: o Dr. Jorge Sampaio.
As recordações emergem ainda mais, num momento de consternação e de reflexão, na decorrência do passamento físico daquele que foi um dos maiores estadistas portugueses de todos os tempos.
Jorge Fernando Branco de Sampaio foi o 18º presidente da República Portuguesa, político de grande projeção europeia e mundial, quem exerceu o cargo de mais alto mandatário da nação entre 9 de março de 1996 e 9 de março de 2006, ao que se seguiu o cargo de alto representante para a Aliança das Civilizações entre 2007 e 2013.
A brilhante carreira política terá iniciado ainda muito jovem, enquanto estudante na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa; nessa altura, envolvera-se na contestação ao regime salazarista e foi um dos protagonistas da crise académica dos anos 60, a qual opusera a classe estudantil à política. 
Enquanto profissional do Direito e grande humanista e defensor da liberdade, participou em inúmeras causas, tendo negociado a libertação dos presos políticos em Caxias, após o golpe de 25 de abril de 1974, no qual tomou parte, tanto de um ponto de vista  ideológico quanto participando ativamente em cada uma das manifestações, campanhas de formação e informação, entre outros. Participara, ainda, das negociações para a Independência de Moçambique, utilizando toda a sua influência e conhecimentos para demonstrar a soberania que cada povo deve ter sobre si mesmo.
Ao longo de uma vida frutífera, gloriosa e magnânima, Jorge Sampaio mostrou que a procura do bem comum trará muito mais a cada ser individualmente, do que o exercício de uma política egoísta e/ou estritamente partidária.
Disse um poeta que se a morte tirar apenas a vida a alguém, é um sinal inequívoco de que terá tido uma vida feliz e sábia; e este é o caso do doutor Jorge Sampaio, a quem a foice inglória não retira o nome e a influência. O cronista apresenta aqui a sua singela homenagem a tão grande figura.

«Não há economia, nem marcado, nem política, nem democracia sem esse cimento de base, a confiança. Não há paz duradoura se a desconfiança minar as relações entre comunidades, povos e nações, se o pacto social for rompido.» Jorge Sampaio, novembro de 2016

 



 

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