Joana D'Arc deixa Secretaria da Educação e reassume seu cargo como vereadora

Em entrevista a O Imparcial, ela fala de suas realizações, do aprendizado e de voltar para a Câmara fortalecida por uma experiência

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 01/05/2022
Horário 06:25
Foto: Cedida
Joana D
Joana D'Arc esteve à frente da Seduc por 201 dias

A professora Joana d'Arc esteve por mais de 200 dias no comando da Seduc (Secretaria Municipal de Educação) de Presidente Prudente  e nesta segunda-feira (2) retorna ao cargo de vereadora, do qual estava licenciada. Seu entendimento é de ter feito a coisa certa, que se sentiu como pessoa adequada para a função, em especial da condição de professora apaixonada pela educação. Afirma ter buscado fazer o melhor, cumprindo as atribuições de forma transparente e impessoal.
Dentre os ganhos com a experiência de secretária, comenta sobre ter adquirido ainda mais propriedade para falar das necessidades da educação municipal. Outro aprendizado significativo esteve em vivenciar as dificuldades que decorrem de muitas amarras jurídicas e financeiras, dentre outras. Está convicta de que volta para a Câmara fortalecida pelas vivências e amadurecimento, com o sentimento de dever cumprido e da satisfação de voltar a ter dedicação integral aos eleitores e comunidade em geral.
Sobre o que foi feito em sua gestão, pontua o investimento na qualidade do ensino, a ampliação da quantidade de professores, as melhorias nos prédios da rede municipal de ensino, com pintura em 55 escolas e licitação para reforma de sete, sendo que quatro já estão com as obras em andamento. Também cita a licitação para a reforma do Ceforppe (Centro de Formação Permanente dos Profissionais da Educação de Presidente Prudente).

OI – Resumidamente, quais foram as principais realizações da Seduc durante a sua gestão?
A minha gestão iniciou-se em 9 de outubro de 2021. Por faltar pouco tempo para o encerramento do ano letivo, o foco foi priorizar a organização da rede municipal para a retomada das aulas presenciais num período atípico, pós-pandemia, no qual a recuperação da aprendizagem dos alunos seria o nosso maior desafio. Para tanto, uma das principais ações foi a efetiva implementação do currículo paulista, tendo como ponto de partida a distribuição dos materiais pedagógicos para os alunos e professores da rede. Houve investimento na qualidade do ensino também por meio da ampliação de classes de educação infantil e ensino fundamental, ampliação da quantidade de professores efetivos e indicação de contratação de mais profissionais para suprir as necessidades da rede no próximo concurso público. Paralelamente, realizei a articulação de pautas e encontros com diferentes segmentos da própria secretaria e escolas e da comunidade civil e institucional que atuam de modo incidente na educação municipal, que culminou com quantidade significativa de benefícios para a rede, tais como: entrega de reforma do prédio da Seduc (Secretaria Municipal de Educação), de parques infantis, brinquedotecas, licitações para pintura de 55 escolas, além de licitação para reforma do Ceforppe e início da reforma de quatro escolas dentre as sete que se encontravam praticamente abandonadas. Nesse sentido, considero que tive a oportunidade de efetivar importantes realizações, que com certeza farão a diferença na vida escolar dos nossos alunos e das próximas gerações.

OI – Atuar na gestão da educação municipal foi um compromisso temporário que durou 201 dias. Foi tempo suficiente para a missão da qual foi incumbida? Qual missão?
Foram 201 dias à frente da Seduc, onde em cerca de sete meses, pôde-se vislumbrar de maneira panorâmica muitos dos gargalos pelos quais a educação municipal passava, e, simultaneamente, a oportunidade de entender tais gargalos a fundo, para garantir-lhes resoluções efetivas. Sobre o caráter de “missão”, prefiro entender a realização deste trabalho como uma vocação no seu sentido weberiano, onde algumas pessoas, pelo amor ao que fazem (e meu histórico junto à educação me precede) se tornam preparadas profundamente a conhecer e ter insumos de capacidade à resolução de problemas e o interesse em superá-los.

OI – Sua trajetória profissional é marcada por enfrentamento às adversidades e parece não ter sido diferente na Seduc. Quais foram e como passou por elas?
Inicialmente tive dificuldades, por ser uma secretaria grande e abrangente, diferente da esfera estadual onde eu sempre trabalhei e me aposentei. Os desafios foram muitos, principalmente por eu ter assumido no final do período letivo, após duas sucessivas gestões anteriores à minha vinda, em meio a uma pandemia e sem nenhuma experiência nesta função. Muitos problemas estavam acontecendo para serem resolvidos em pouco tempo, mas contei com o apoio e solidariedade da minha equipe de trabalho, de pessoas maravilhosas do poder público e de outras secretarias, e também do prefeito Ed Thomas (PSB), que sempre me apoiou e confiou no meu trabalho.  A eles tenho muito a agradecer.

OI – O que ficou de mais precioso dessa experiência na gestão pública da educação municipal?
As crianças, as famílias e as pessoas com as quais trabalhei. Temos excelentes profissionais, que se desdobram para fazer o melhor e que merecem uma gestão mais aprimorada, para que possam colocar todo o potencial que possuem a serviço da população, por meio do serviço que prestam ao público. E também o chamado do dever que nos impõe resiliência. Em outras palavras, não devemos nos furtar ao desafio de atendimento ao próximo, mesmo sob pena de sermos questionados. As grandes caminhadas são iniciadas por um simples passo, mas que requerem coragem e iniciativa. E nesse sentido, pude contar, em meio às dúvidas, com a confiança do mandatário municipal - prefeito Ed Thomas, que possibilitou, mesmo em meio às crises, ter a garantia de estar fazendo a coisa certa e o prestígio de ser a pessoa designada, adequada, para a função. 

OI – Foram mais de 40 anos de atuação profissional na educação estadual como professora e diretora escolar. O que foi possível transportar para a educação municipal?
Eu sou professora, então, transportei toda a minha alma para a educação municipal, porque é impossível não olhar, não entender e não agir pensando de forma apaixonada pela educação e pelos alunos, como professora, que sempre serei.

OI – O processo educacional tem mão dupla: ensinar e aprender. O que está levando do aprendizado na Seduc?
Sou apaixonada pela educação. Estou levando a certeza de que eu aprendi muito mais do que ensinei. Mas não foi fácil. Tentei fazer o meu melhor, posso não ter agradado a todos com algumas das minhas decisões, mas me desdobrei para fazer uso das minhas atribuições de forma legal, transparente e impessoal. Como vereadora, levo essa experiência como base para a minha atuação na Câmara Municipal, pois agora eu sei falar, com muita propriedade, das necessidades da educação municipal.

OI – O exercício do secretariado permite conhecer melhor o funcionamento da máquina administrativa. O que há de novo no seu pensar sobre o Poder Executivo?
A máquina administrativa não funciona de forma isolada. Ela tem suas individualidades, mas faz parte de um todo. Somos parte de uma engrenagem e o Poder Executivo te dá liberdade de decisões, mas hierarquicamente, dá a palavra final. Felizmente não tive nenhum problema, sempre recebi apoio do Executivo e agradeço por confiar no meu trabalho. Com certeza, a novidade para mim é o tamanho do desafio. Eu sabia que não era fácil, mas hoje tenho a noção das dificuldades que enfrenta o Poder Executivo, em diversos âmbitos e, não, apenas políticos. Temos muitas amarras jurídicas e financeiras, entre tantas outras.

OI – A vivência no Executivo deve fortalecer a atuação no Legislativo. Qual o seu processamento de ideia ou ideias sobre isso? 
Olhar sob outra perspectiva da atuação pública compõe um novo entendimento, em tudo complementar, acerca de cada função administrativa. Com essa bagagem de experiência em diferentes setores, o caminho da sintonia entre os entes (como já frisei anteriormente) se demonstra um fundamento. Há que se observar, contudo, as características inerentes de cada função, onde o ato de “cobrar” deve vir engajado no do “fazer direito”, pela coerência da atuação e o respeito à autonomia de cada poder da administração pública. É, em resumo, um exercício de alteridade - como na filosofia de Levinas, “ato de se colocar no lugar do outro” - e ainda ponderar o cidadão nessa relação, que, afinal, deve ser para tudo, constantemente, tido como o maior beneficiário.

OI – Em declaração ao Plantão, coluna diária de O Imparcial, a senhora disse que seu último dia na Seduc seria melhor que o primeiro. Qual a explicação? 
Com certeza! Obviamente que há imensos problemas que não foram resolvidos, não por falta de vontade ou de trabalho. Mas como ser humano, após essa experiência só posso sair melhor do que entrei. Também deixo uma secretaria melhor em vários aspectos, dentro do pouquíssimo tempo em que atuei. Hoje, no meu último dia, saio mais amadurecida e experiente. Agora retorno para minhas atribuições com a sensação de dever cumprido.

OI – Pode-se dizer que na Seduc sua postura foi a do prefeito Ed Thomas e na Câmara será a da própria Joana D´Arc? 
O prefeito Ed Thomas foi fundamental neste processo, mas sua grande característica como gestor é reconhecer pessoas de personalidade e lhes confiar funções onde possam exercer positivamente sua metodologia. Ou seja, o cargo me foi confiado, justamente, porque me foi reconhecido um perfil de enfrentamento às adversidades. Poderia dizer que minha atuação junto à Seduc teve “cara de Joana D'Arc” e o apoio do prefeito Ed Thomas. No retorno à função legislativa, segue esse perfil de trabalho, ainda contando com articulações em parceria junto ao Executivo, no entanto, cuidando em atender requisições próprias ao cargo e a partir da perspectiva de cada nicho de atuação.

OI – Qual o sentimento de estar retomando o cargo para o qual foi eleita com mais de 1,3 mil votos?
Uma sensação de satisfação por ter cumprido com meus compromissos na Seduc e agora poder retornar para trabalhar pelos meus eleitores, com os quais nunca deixei de ter contato. Durante minha estadia como secretária, ainda assim por iniciativa própria consegui diversas doações para entidades assistenciais da nossa cidade. Estou feliz por regressar à Câmara, cheia de ideias e muita motivação. Só tenho a agradecer a Deus por tudo. “Eu vou indo, e vou fluindo, evoluindo...sempre, pois... É Deus que me mantém de pé todos os dias!”.

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