A cultura caipira está mais enraizada no oeste paulista do que se imagina. Mas, aos poucos, esse puxadinho de “r” do sujeito simples do campo, perde espaço para o novo. Promovendo essa preservação de cultura, o escritor, cordelista e caipirólogo Renato de Jesus Souza Silva, mas conhecido como Jesus de Burarama, realiza em escolas e instituições públicas um trabalho de resgate caipira através do cordel. Trabalho intitulado “Cordel Caipira - Saci Pererê contra Raloím” propõe o combate da influência estrangeira. “Infelizmente até as escolas falam mais do dia das bruxas do que nossas lendas e mitos. Então, eu ensino o cordel para os alunos, e ao mesmo tempo resgato o folclore e a cultura caipira”, diz.
Por mais que a evolução seja necessária, o “caipires” foi uma cultura propulsora em Presidente Prudente. Mantenedor dessa tradição viva, o escritor explica que quando o município de maior população regional fez 100 anos em 2017, um bairro simples, Floresta do Sul, também fez 100 anos em 2018, o que mostra que a formação sociocultural foi através da cultura caipira.
Jesus de Burarama resgata em seu trabalho que toda a região do oeste paulista sofreu influências notáveis do pessoal da roça, citando com exemplo um dos maiores símbolos de cultura, o Centro Cultural Matarazzo. “Nada mais é do que um antigo silo ou paiol em que toda a região colocava a produção”.
Mas, diante das novas tecnologias, o escritor acredita ser a última geração caipira, pois considera que toda a tradição é mantida através da literatura oral, ou seja, aquilo que se aprende com os avós e bisavós, e com esse advento a tradição de passar adiante, fica cada vez mais difícil. “Então, a gente busca mostrar, principalmente para os jovens, que nós somos todos produtos dessa tradição e temos enraizado o costume do caipira”, afirma.
Uma das provas citadas por Renato é a canção “Nana Nenê”, o acalanto mais antigo que existe em que o papai esta na roça e roça é caipira. “Então, é importante ressaltar isso, os valores do caipira, copázio, amizade, a não ganancia, tudo isso influencia em muito as novas gerações”.
Jesus de Burarama
A paixão pelo caipirismo iniciou em 2001, quando na cidade de Irapuru realizou o encontro de violeiros e cantador. Praticante de trabalho cultural, em 2004 foi interrogado por um violeiro sobre não tocar ou cantar e somente organiza. “E foi quando eu respondi para ele em versos e descobri a facilidade de construir o cordel” conta.
Autor de diversos cordéis, atualmente seu livro “Historia do Caipira de Jeca Tatu aos Sem Terras”, baseado no trabalho de Antônio Cândido, conta em versos a história do caipira paulista, a partir dos tempos em que vivia no mato, afastado das comunidades urbanas. A publicação do livro, em 2010, foi resultado da premiação do projeto apresentado em 2009 através do ProAC (Programa de Ação Cultural) do Estado de São Paulo, atualmente mantido por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
No final de 2018, Renato foi um dos contemplados como Mestre de Cultura Popular pelo Ministério da Cultura, dentro do Prêmio Culturas Populares, edição Selma do Côco.
Serviço
Para entrar em contato e agendar uma visita do escritor, cordelista e caipirólogo, será possível através dos telefones (18) 99770-4533 / 98125-7375 ou pelos e-mails: [email protected] ou [email protected] .
Olho
No final de 2018, Renato foi um dos contemplados como Mestre de Cultura Popular pelo Ministério da Cultura, dentro do Prêmio Culturas Populares, edição Selma do Côco
Fotos: Arquivo Pessoal/Jesus de Burarama
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Jesus de Burarama percorre escolas e instituições sociais desenvolvendo um trabalho de resgate de cultura
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Paixão pelo caipirismo iniciou em 2001, quando realizou o encontro de violeiros