Há 20 anos, a equipe brasileira de atletismo desfilava por Sidney, na Austrália, exibindo a medalha de prata conquistada nos Jogos Olímpicos de 2000, diante da prova de revezamento 4x100. Foi a primeira vez, também, que a bandeira de Presidente Prudente foi exibida em solo oceânico e, melhor ainda, para o mundo. E se para a cidade e para os atletas que competiram, o momento tem uma especialidade, imagina para quem comandou a equipe. Jayme Netto Junior, duas décadas depois, relembra como foi viver a conquista.
Ex-técnico da seleção brasileira e que comandou o grupo formado por André Domingos, Claudinei Quirino, Claudio Roberto, Edson Luciano Ribeiro, Raphael Oliveira e Vicente Lenilson, Jayme garante que estar no pódio naquele dia “foi um sinônimo de superação”. Para ele, que já estava vivendo momentos que marcaram sua vida no esporte, aquela situação marcou ainda mais.
“Foi uma superação, não canso de repetir. A gente conseguiu um bom resultado, batemos o recorde sul-americano, e mesmo diante das adversidades. Tudo estava contra a gente naquele momento. De fato, tínhamos tudo desfavorável, mas deu certo”, frisa.
E a partir de lá, Jayme conta que tiveram que continuar se reinventando, realizando projetos novos, “um trabalho criativo”, como ele prefere dizer, para que todos pudessem continuar com suas carreiras. “Abrimos mão de família, de outros momentos, de várias coisas, para poder se dedicar. E isso continuou ocorrendo, mesmo pós-vitória”, afirma.
“A HISTÓRIA DO ATLETISMO EM PRUDENTE É MUITO RICA. SÃO MAIS DE 34 ATLETAS OLÍMPICOS QUE TREINARAM POR LÁ [AQUI], E QUE CONSEGUIRAM MEDALHA DE TODOS OS CAMPEONATOS”
Jayme Netto Júnior
E pra quem assistiu aquela Olimpíada, sabe que a prata teve gosto de outro, principalmente pelo fato de o Brasil não ter conseguido o lugar mais alto do pódio naquela edição dos jogos. Contudo, o gosto do ouro pareceu ainda mais real, no dia em que o atleta da equipe americana, que ficou em primeiro, Tim Montgomery, assumiu ter corrido sob efeito de substâncias proibidas. Contudo, mesmo com a declaração, o treinador garante que a medalha nunca foi repassada ao Brasil.
A equipe que conseguiu a prata teve uma forte relação com Presidente Prudente, já que por muito tempo treinou no solo prudentino, inclusive naquele momento. Mas já o ex-técnico brasileiro tem uma ligação ainda maior. Segundo ele, são quase 40 anos trabalhados na capital do oeste paulista, até que esse ano voltou à Bragança Paulista (SP).
“A história do atletismo em Prudente é muito rica. São mais de 34 atletas olímpicos que treinaram por lá [aqui], e que conseguiram medalha de todos os campeonatos. Não há uma competição em que um atleta treinando em Prudente não tenha ganhado. E isso vai além de mim, mas também com o trabalho dos treinadores anteriores a mim e os que estão hoje. Prudente tem uma magia no esporte”, finaliza.