Jackie tinha tudo para ser um excelente filme. A premissa parecia interessante: de transformar em protagonista a coadjuvante da história do presidente estadunidense assassinado JFK, sua esposa Jacqueline Kennedy. A atuação estonteante da atriz Natalie Portman também promete um aprofundamento sensacional. A voz e o sotaque estão perfeitamente iguais ao da ex-primeira dama, o físico magro e doentio, a aparência robótica e a impressão de que é uma mulher prestes a “quebrar” a qualquer momento trazem um novo olhar, profundo, para Jackie. No entanto, suas motivações e as verdadeiras profundezas de sua alma, sua personalidade, se perdem em meio à trama superficial e subjetiva. Apesar de intuito ser um olhar para a mulher, trazer um pouco de seu marido poderia ajudar o expectador a compreender a necessidade de afirmar que ele foi um grande presidente, demonstrada por ela no filme. No entanto, se existe uma cena em que ele aparece, é muito. Ao olhar apenas para Jacqueline o filme falha, pois mostrar as coisas ao seu redor poderiam revelar mais sobre ela, do que ela mesma.