Existe na Fifa atualmente a ideia de se fazer a classificação para o mundial de 2022 numa disputa única com todos reunidos no país sede. A Copa de 2022 está marcada para o Qatar. A ideia é absurda e utópica. Muito melhor a fórmula atual. A etapa classificatória completada há algumas semanas começou praticamente depois da Copa de 2014 no Brasil. Com exceção da eliminação da Itália para a Copa da Rússia a única surpresa realmente digna de registro será a presença da Islândia, provando que tamanho não é documento para se formar uma seleção nacional. Sim, já existia o exemplo do Uruguai, vencedor das Olimpíadas de 1924 e 1928, quando não havia ainda Copa do Mundo, e depois ganhador da Copa de número quatro, a do Brasil em 1950, e que registrou para a história o inesquecível Maracanazzo. O Uruguai tem hoje uma população de 3 milhões de habitantes, igual a um quarto da cidade de São Paulo. E para mim comparecerá com uma seleção das mais fortes e continua produzindo craques do nível de Cavani e Luiz Suarez. Mas, e a Islândia? Sua população é 10% a do Uruguai e vive sob um inverno rigoroso. Entre outubro e abril seus termômetros não passam dos 10 graus centígrados. É o país onde o sol brilha quando já é meia-noite. O que fazer à sua juventude nesse cenário gelado para não ficar agasalhada e em ambientes hermeticamente fechados? Jogar futebol foi a fórmula encontrada. Familiares da meninada concordaram com a ideia e gastam entre 200 e 400 euros anualmente para que seus pequenos possam frequentar as escolinhas que foram construídas às dezenas no diminuto país. Como escurece muito cedo essa foi a maneira mais viável e para chegar a tanto realizaram muitas pesquisas. Também encontraram no futebol uma maneira de afastar a juventude das drogas e de outras ações deletérias que poderiam prejudicá-la. Também espalharam para os maiores centros de futebol da Europa os candidatos a treinadores e conseguiram reunir um elenco que além de bem pago traz conhecimentos dignos de figuras como Guardiola, Mourinho ou Tite. Finalmente, saiba que a Islândia fica mais para Círculo Polar Ártico, mede tão somente 103 mil km2 e tem uma população de pouco mais de 300 mil habitantes. Embora tendo uma ilha principal outras de menor tamanho completam a área. Com 22 vulcões ativos, ficou conhecida no mundo todo quando um deles praticamente fechou o céu de uma imensa região com suas cinzas, o Eyjafjallajökull, um nome impronunciável para nós. Está situada, a ilha principal, sobre uma cadeia de montanhas subterrâneas e exatamente no meio das duas maiores placas tectônicas do mundo. Por isso mesmo se houver um terremoto na Copa que seja provocado pelo futebol islandês e não por seus temidos vulcões.