O otimismo dos brasileiros com relação aos rumos da economia voltou a subir no mês de agosto, segundo o INC (Índice Nacional do Consumidor) da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). O índice fechou em 83 pontos, o que denota a segunda alta seguida. Na visão do economista Marcel Solimeo, isso indica uma expectativa de recuperação da economia. De acordo com o também economista Ruiz de Gamboa, o aumento da confiança no futuro próximo deve ter reflexos no consumo, com benefícios ao setor do comércio nos próximos meses.
O grande destaque nos índices de recuperação em agosto foi a classe C, que atingiu 94 pontos, 11 acima da média geral. A alta, também a segunda seguida, foi expressiva: em julho, o índice era de 85 pontos. O início da flexibilização, somada ao pagamento do auxílio emergencial, que deve ser prorrogado, ajuda a explicar os números da classe C, segundo a entidade, que constata "uma clara tendência de menos pessimismo". E mais: em São Paulo, a média móvel de casos de Covid-19 está caindo, o que traz um aumento da confiança geral em todo o Sudeste.
As perspectivas da economia brasileira para os próximos seis meses também estão melhorando. O INC dos que acreditam que daqui a seis meses estará "muito melhor + um pouco melhor" saltou de 39 para 48 pontos de julho para agosto, o segundo melhor resultado do ano, só perdendo para fevereiro, com 63 pontos, número que foi obtido antes dos efeitos da pandemia de Covid-19. Enquanto isso, os mais pessimistas, inseridos entre "muito pior + um pouco pior" registraram uma queda de 20 para 15 pontos no mesmo bimestre.
Os entrevistados também avaliaram que as perspectivas de investimentos melhoraram. Houve uma melhora na pontuação de pessoas que, comparando com seis meses atrás, acreditam que podem investir no futuro, incluindo aposentadoria e educação para os filhos, de 33 para 37 pontos entre julho e agosto.
O INC mostrou também que há uma reação sobre a confiança em relação ao emprego, comparando-se seis meses atrás. O índice dos que acreditam em melhora subiu de 24 a 28 pontos entre julho e agosto. "Conforme o trabalho foi sendo retomado, os trabalhadores tendem a ficar menos inseguros com relação à manutenção do emprego", diz Solimeo.
A indústria paulista registrou aumento de 16,8% nas vendas reais em julho em comparação com o mês anterior, segundo o Levantamento de Conjuntura divulgado segunda-feira pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). As horas trabalhadas cresceram 11,3% e o nível de utilização da capacidade instalada cresceu 4,9 pontos percentuais ante junho. Os salários tiveram alta de 4,1% de junho para julho. "Os resultados do levantamento de conjuntura do mês de junho e julho reforçam que a indústria paulista está em firme recuperação e que o pior ficou para trás", dizem a Fiesp e o Ciesp. O item mercado atingiu 53,1 pontos, índice que indica aquecimento contínuo. Segundo as percepções dos industriais, as vendas continuam positivas.
Já o Índice de Confiança da Indústria, medido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), cresceu 8,9 pontos na passagem de julho para agosto. É a quarta alta consecutiva, mostrando uma trajetória de recuperação consistente da confiança do empresariado industrial brasileiro depois da queda observada no início da pandemia de Covid-19, em março. A opinião dos empresários sobre a situação dos negócios no momento tem se aproximado cada vez mais do período pré-pandemia, segundo avalia a economista Renata de Mello Franco, da FGV. Para os próximos meses, os indicadores de expectativa mostram certo otimismo, com mais de 40% do setor prevendo aumento do ritmo de produção.
Em agosto, 18 dos 19 segmentos industriais pesquisados tiveram aumento da confiança. O Índice de Situação Atual, que mede a satisfação com o momento presente, subiu 8,7 pontos, atingindo 97,8 pontos. Já o Índice de Expectativas, que mede a confiança no futuro, cresceu 9,1 pontos e passou para 99,6. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada teve aumento de 3 pontos percentuais e alcançou 75,3%. Com esse resultado, o nível encontra-se no mesmo patamar de março, e apenas 0,9 ponto percentual abaixo de fevereiro (76,2%).
As vendas da indústria brasileira de máquinas e equipamentos totalizaram no mês de julho R$ 12,4 bilhões, montante 15% superior ao registrado no mesmo mês de 2019. No acumulado do ano, as vendas somam R$ 69,2 bilhões, apenas 4,6% a menos do que o obtido no mesmo período do ano passado.
Pesquisa feita pela startup de gestão de finanças pessoais Mobilis, que entrevistou 677 clientes residentes no Estado de São Paulo entre os dias 2 e 13 de julho, constatou as áreas que estão se dando bem na pandemia: supermercados, livros, eletroeletrônicos, roupas casuais, produtos de beleza e autocuidado, eletrodomésticos, material de construção e/ou decoração e videogames.