Muitas crianças, adultos e idosos sofrem com a queda das temperaturas, muito por conta do aumento da incidência de doenças respiratórias. Boa parte acaba adoecendo, mas sem saber se adquiriram uma gripe ou um resfriado. Pois bem, segundo o médico infectologista, doutor em Imunologia e professor pesquisador da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista) de Presidente Prudente, Luiz Euribel Prestes Carneiro, o que difere ambos é o tipo de vírus que infecta a pessoa.
O especialista destaca que é necessário esclarecer que nesse período, além das doenças infeciosas por vírus e bactérias, há também as doenças alérgicas, aumentando os quadros de rinite, dor de garganta e tosse alérgica. Isso pode confundir com os sintomas de resfriado comum.
“A população já sabe quais os cuidados, a partir da experiência com a Covid-19, que também é um vírus respiratório. Higienização das mãos, evitar ambientes fechados e aglomerações, hidratação constante, alimentação e hábitos saudáveis fazem toda a diferença para evitar a infecção, e caso ela aconteça para que evolua com sintomas mais leves”, explana.
A gripe é, segundo o médico, causada pelo vírus influenza, que tem ampla disseminação pelo mundo e que pode ser prevenida pela vacinação. No Brasil, a rede pública disponibiliza as vacinas trivalentes com cepas do vírus tipo A (H1N1 e H3N2), que são os principais responsáveis pelas epidemias e uma cepa do vírus influenza do tipo B.
“Idosos e crianças requerem um cuidado maior. As crianças porque ainda têm um sistema imune em formação, não são capazes de montar uma resposta imune adequada ao processo infeccioso, e o idoso não consegue se proteger adequadamente, porque seu sistema imune está em decadência”, alerta o médico.
Conforme o especialista, os resfriados podem ser causados por um grande número de vírus respiratórios. Dentre os mais importantes está o vírus sincicial respiratório, que produz a bronquiolite, especialmente em crianças até 4 anos. “Outros vírus como rinovírus, adenovírus, coronavírus e metapneumovírus causam resfriados, mas os rinovírus [dos quais há mais de 100 subtipos] causam a maioria deles, especialmente nos meses mais frios do ano”, salienta o médico.
Segundo Euribel, a gripe produz sempre sintomas mais graves que o resfriado comum. Costuma-se dizer que a gripe “derruba a pessoa”. Seu principal sintoma é a febre, que pode ser acompanhado de tosse, coriza, dor de garganta e prostração, muitas vezes incapacitando a pessoa às atividades diárias.
“Nesse caso, o repouso é a principal conduta, dando oportunidade de o sistema imune lutar contra o invasor. Os resfriados causam sintomas mais leves e na maioria das vezes a pessoa continua com sua atividade diária”, menciona.
Vírus e bactérias, de maneira geral, não gostam de calor e sim de frio. Esse é o motivo pelo qual nos meses mais frios temos maior incidência das doenças respiratórias, tanto virais quanto bacterianas. Além disso, no frio, as pessoas ficam grande parte do tempo em ambientes fechados, pouco ventilados. Sua transmissão pode acontecer por meio do contato direto com secreções da pessoa infectada ou indireto ao falar, espirrar ou tossir dispersando milhares de partículas virais ou bactérias no ambiente.
Outro apontamento do infectologista é que se o indivíduo tiver contato com lugares infectados como corrimão, copos, talheres, toalhas, quando, em seguida, leva-se a mão até a boca, o nariz ou os olhos pode ocorrer a transmissão. “Esse mecanismo de transmissão do vírus da gripe ou do resfriado é muito comum no ambiente escolar ou em creches. Essas crianças, ao se infectarem, levam o vírus para casa infectando principalmente os irmãos menores”, ressalta.
O vírus influenza pode produzir doenças graves e mesmo a morte, especialmente em extremos da idade como crianças e idosos, além disso, é extremamente perigoso em pessoas com comorbidades como obesos, fumantes, diabéticos, imunossuprimidos por uso crônico de corticoide, quimioterápicos ou drogas imunossupressoras.
Outra classe extremamente vulnerável são as pessoas vivendo com HIV/aids ou portadores de imunodeficiências primárias e gestantes. Por isso a necessidade de vacinação anual dessas pessoas. Ele orienta que na presença dos sintomas descritos acima procurar imediatamente assistência médica. “Na gripe, a pneumonia viral ou por bactérias é uma das principais complicações e causa de internação em UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. Para os vírus que causam resfriado, a prevalência de meningite viral em crianças aumenta bastante nesse período do ano”, acentua o médico.
Luiz Euribel acentua que, além do frio, ficar em ambientes pouco ventilados, fechar todas as janelas e portas da casa, usar roupas empoeiradas ou cobertores guardadas no armário podem colaborar para a piora do quadro de asma. Por quê? O ar frio e, muitas vezes, seco deste período do ano provoca a irritação dos brônquios pelo aumento de partículas poluentes suspensas no ar. Os brônquios pulmonares reagem produzindo broncoconstrição, causando as crises de asma. “Como consequência, o paciente começa a tossir e apresenta ainda falta de ar, dor e chiado no peito. Pacientes asmáticos devem estar sempre em acompanhamento médico e a aderência ao tratamento e uso correto da medicação são as melhores formas de prevenção de crises”, enfatiza o especialista.
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Luiz Euribel diz que a gripe produz sintomas mais graves que o resfriado comum