Infectologista esclarece sobre leishmaniose visceral humana

Entenda quais são as variações existentes para a doença, a forma de contágio e o tratamento; patologia não passa de pessoa para pessoa

PRUDENTE - THIAGO MORELLO

Data 10/06/2020
Horário 07:15
Reprodução - Mosquito-palha se prolifera em locais com sujeira e com umidade
Reprodução - Mosquito-palha se prolifera em locais com sujeira e com umidade

No início desta semana, a Prefeitura de Presidente Prudente, por meio da VEM (Vigilância Epidemiológica Municipal), confirmou o primeiro caso deste ano de leishmaniose visceral humana, em um idoso de 63 anos. A situação abre espaço para a discussão sobre a doença, em tempos no qual a saúde nunca foi tão discutida. Pensando nisso, autoridades ajudam a entender o que é a patologia, a forma de contágio, suas varrições e o tratamento.

Antes de tudo, Elaine Bertacco, supervisora da VEM, explica que a doença não é transmitida pelo contato humano, a exemplo da Covid-19, tão discutida hoje e que tem sido uma luta diária nesse momento de pandemia. Com isso, ela pontua que para pensar na possibilidade de ter contraído a leishmaniose é preciso se atentar aos sintomas da doença.

Mas o que é a leishmaniose? Para compreender, o infectologista André Luiz Pirajá da Silva diz que é preciso primeiro entender como ela surgiu: é uma doença transmitida pela picada do mosquito-palha, seja no animal ou no humano (não há diferença). “O verdadeiro hospedeiro seria a raposa, no meio silvestre, e de forma ocidental, intermediária, o macaco”, detalha. Mas, quando o homem começou a se aproximar mais da natureza, no território, na área urbana o cão passou a ser o hospedeiro definitivo e o homem, “semelhante ao macaco”, o intermediário.

As fêmeas são as únicas que realizam a transmissão, pois também são as únicas que se alimentam de sangue, já que precisam para o desenvolvimento dos ovos. Nesse ciclo de picar o animal (vetor) e depois o humano, é quando ocorre a transmissão do protozoário da espécie Leishmania chagasi, causador da doença. “Uma vez isso acontecendo, a leishmaniose pode se manifestar de forma cutânea [também conhecida como tegumentar], atacando, sobretudo, a pele, e na visceral, que atinge os órgãos e pode levar à morte”, completa Pirajá.

A LEISHMANIOSE PODE SE MANIFESTAR DE FORMA CUTÂNEA, ATACANDO, SOBRETUDO, A PELE, E NA VISCERAL, QUE ATINGE OS ÓRGÃOS E PODE LEVAR À MORTE

André Luiz Pirajá da Silva

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é feito a partir da coleta de material biológico, sangue, para a realização do exame. Mas antes de chegar a esse ponto, a pessoa deve se atentar aos sintomas e procurar um médico. Desta forma, caso seja dado como positivo para a doença, o tratamento é feito através de medicamentos, disponíveis de forma gratuita. Contudo, os remédios não eliminam por completo o parasita no homem e no animal.

No entanto, conforme o Ministério da Saúde, no Brasil o homem não tem importância como reservatório, ao contrário do cão - que é o principal reservatório do parasita em área urbana. “Nos cães, o tratamento pode até resultar no desaparecimento dos sinais clínicos, porém, eles continuam como fontes de infecção para o vetor, e, portanto, um risco para a saúde da população humana e canina”, pontua. Por conta disso, é indicada a eutanásia.

À reportagem, a supervisora da VEM diz que, o mais importante de tudo, é se atentar em relação à criação de um ambiente que possa ocasionar a proliferação do mosquito, que ocorre em locais com sujeira e umidade. Evitando, isso impede que as medidas mais extremas sejam necessárias, uma vez que a chance de a doença existir será cada vez mais baixa.

SINTOMAS DA LEISHMANIOSE VISCERAL

A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa sistêmica. Os principais sintomas da doença são:

- Febre de longa duração;

- Aumento do fígado e baço;

- Perda de peso;

- Fraqueza;

- Redução da força muscular;

- Anemia.

Fonte: Ministério da Saúde

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