Infecções orais fúngicas: como identificar e tratar?

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 20/11/2022
Horário 05:20
Foto: Reprodução
Áreas avermelhadas na mucosa que serve de apoio para a dentadura podem ser sinais de candidíase oral
Áreas avermelhadas na mucosa que serve de apoio para a dentadura podem ser sinais de candidíase oral

Os biofilmes são comunidades de microrganismos compostas por bactérias e fungos fixados a uma superfície. A cavidade bucal é considerada um dos ambientes mais favoráveis à formação de biofilmes, devido à presença de superfícies para adesão, tais como as mucosas, a língua, as superfícies duras dos dentes, bem como as superficies de próteses dentárias e materiais restauradores. Os biofilmes estão, muitas vezes, associados a diversas doenças orais, como as candidíases.

Os fungos do gênero Candida estão presentes na cavidade bucal de indivíduos saudáveis, estabelecendo uma relação que não traz prejuízos para o indivíduo. Contudo, em pacientes com doenças sistêmicas (diabetes, por exemplo), com problemas no sistema imunológico, indivíduos idosos e usuários de dentaduras, pode ocorrer um crescimento excessivo de Candida, levando ao aparecimento das candidíases orais, como a estomatite por uso de dentaduras, enfatiza o professor Douglas Roberto Monteiro, do curso de Odontologia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista).

Esta patologia caracteriza-se pela presença de mucosa inflamada (avermelhada), particularmente aquela que serve de apoio para a dentadura. Os pacientes também podem ter sensação de queimação bucal, desconforto ou mau hálito, mas na maioria dos casos eles não têm consciência do problema, ressalta oprofessor Juliano Pelim Pessan, docente da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Fatores como fluxo salivar reduzido, tempo prolongado de utilização das próteses dentárias, traumas, fumo, deficiências nutricionais e presença de biofilme nas superficies das próteses em decorrência de má higienização influenciam na gravidade das candidíases orais. De acordo com o Prof. Monteiro, este processo patológico é caracterizado pelos episódios de recorrência, e Candida albicans é o fungo mais frequentemente detectado.

Pessan salienta que o tratamento das candidíases orais envolve o controle dos fatores que causam o comprometimento do sistema imunológico. Além disso, antifúngicos tópicos como nistatina e miconazol são bastante empregados. Apesar das boas propriedades desses medicamentos, limitações relacionadas ao uso dos mesmos vêm sendo relatadas nos últimos anos. O principal fator relaciona-se à resistência microbiana, o que dificulta a ação dos medicamentos, destaca Pessan. Outro desafio clínico encontrado no tratamento das infecções por Candida refere-se à menor disponibilidade no mercado de antifúngicos em comparação aos antibacterianos. Consequentemente, o paciente só deverá fazer uso desses medicamentos quando prescritos por um profissional da saúde (médico ou dentista).

O controle do biofilme sobre as superficies das próteses dentárias também faz parte do tratamento das candidíases orais. Nesse sentido, o professor Monteiro aponta que as próteses devem ser higienizadas através da combinação de métodos químicos (agentes desinfetantes) e mecânico (escovação das próteses com sabão neutro e escova apropriada). O usuário de dentadura também deve evitar dormir com sua prótese durante o sono noturno e, em alguns casos, a confecção de novas próteses deve ser o tratamento implementado.

 

(Matéria integrante de projeto de extensão universitária (PROEXT-REITORIA; 18854/2022), sob coordenação do Prof. Dr. Douglas Roberto Monteiro [Unoeste]).

 

 

 

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