Indústria da região perde 150 postos de trabalho

Pesquisa divulgada pelo Ciesp/Fiesp mostra que a regional de Prudente teve desempenho negativo em julho, com variação de -0,33%

REGIÃO - André Esteves

Data 17/08/2017
Horário 14:41
Arquivo, Curtumes contribuíram para variação negativa de 10,88%, conforme pesquisa do Ciesp/Fiesp
Arquivo, Curtumes contribuíram para variação negativa de 10,88%, conforme pesquisa do Ciesp/Fiesp

O nível de emprego industrial na diretoria regional do Ciesp/Fiesp (Centro e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), em Presidente Prudente, composta por 65 cidades, apresentou resultado negativo em julho, com variação de -0,33%, o que representa uma queda de cerca de 150 postos de trabalho. Os dados foram apurados em pesquisa realizada pelo Depecon (Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp e do Ciesp), divulgada ontem. Quando comparada ao comportamento das outras 34 diretorias do Ciesp analisadas, Prudente revela o 14º pior desempenho no mês passado, atrás de Jacareí (-0,37%), Botucatu (-0,38%) e Osasco (-0,39%).

No ano, o acumulado regional é de 1,02%, o que significa uma alta de aproximadamente 400 postos de trabalho. Já nos últimos 12 meses, o acumulado é de -9,20%, equivalente a um déficit de mais ou menos 4,1 mil vagas. Em relação aos setores com piores comportamentos, destacam-se os de artefatos de couro, calçados e artigos para viagem (-10,88%); produtos de minerais não metálicos (-5,88%); móveis (-0,41%); e coque, petróleo e biocombustíveis (-0,82%), que foram os que mais influenciaram o cálculo do indicador total da região.

De acordo com o diretor regional do Ciesp, Wadir Olivetti Júnior, a variação negativa do segmento de artefatos de couro é justificada pela queda nas exportações, sobretudo após a deflagração da Operação Carne Fraca, o que refletiu diretamente no mercado externo. “Se exportamos menos carne, isso quer dizer que estão sendo abatidos menos bois. Consequentemente, há menor oferta de couro. Se o preço do couro sobe muito, a exportação não se torna tão interessante, fecham-se menos contratos e demite-se mais”, explica.

Quanto aos produtos não metálicos, o representante argumenta que parte da construção civil se encontra “desacelerada” e “caindo mês a mês” em função da recessão da economia. “É preciso que haja uma retomada urgente das obras civis para que o setor se estabilize e as indústrias voltem a aquecer”, avalia. Referente aos móveis, Wadir acredita que as empresas devam vislumbrar um cenário mais otimista no fim do ano, quando a tendência é gerar mais empregos. O mesmo panorama é previsto para o coque, petróleo e biocombustíveis, cuja crise deve ser revertida até o meio de dezembro.

 

Subaproveitamento

Questionada sobre o referido cenário, a diretoria da Vitapet informa que, por problemas alheios à vontade da empresa, seu parceiro comercial nos Estados Unidos decidiu pelo cancelamento da maioria de seus pedidos, provocando um “subaproveitamento de sua capacidade produtiva”. Embora a indústria tenha sócios americanos, estes não demonstraram interesse em injetar mais capital na empresa, o que “possibilitaria a manutenção dos empregos nesse momento de turbulência”, pois “não compreendem a existência de valores vultuosos no ativo da empresa representados por tributos a recuperar”. A Vitapet pontua que, nesse sentido, a dificuldade na liberação de créditos acumulados de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que hoje montam o equivalente a dois meses de faturamento, “contribuiu decisivamente”. “A Vitapet continuará incansável na busca de soluções e na retomada da capacidade plena de produção, com a recontratação de nossos colaboradores”, considera.

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