Inclusão e fé

EDITORIAL -

Data 13/09/2024
Horário 04:15

Neste domingo, a Catedral São Sebastião de Presidente Prudente viverá um momento único e histórico. Em celebração ao centenário da catedral e ao Dia Nacional do Surdo, será realizada uma missa em Libras (Língua Brasileira de Sinais), unindo dois universos que, por muito tempo, estiveram distantes: a espiritualidade e a acessibilidade plena.
O evento, promovido pela Associação dos Surdos e Surdas de Presidente Prudente, integra a programação do “Setembro Surdo”, mês dedicado à visibilidade e à valorização da comunidade surda no Brasil. Com o apoio da Diocese de Presidente Prudente, a celebração contará com a presença do padre Wilson Czaia, o primeiro padre surdo do Brasil, e do padre Rafael Ferreira, ambos profundos conhecedores da Língua Brasileira de Sinais.
A importância desta missa vai além do rito religioso. Ela simboliza um movimento de inclusão cada vez mais urgente na sociedade. Para a comunidade surda, o acesso à espiritualidade muitas vezes se dá de maneira limitada, pela ausência de intérpretes de Libras nas igrejas ou pela falta de sacerdotes capazes de se comunicar diretamente em sua língua. Este evento, porém, é um sinal claro de que a Igreja Católica está atenta à necessidade de acolher todos os fiéis, independentemente de suas condições de comunicação.
A inclusão não é apenas um ato de justiça social, mas também um caminho de empatia e respeito às diferenças. Quando a fé se abre para o diálogo em todas as formas de linguagem, ela demonstra sua verdadeira essência: o amor ao próximo, sem barreiras. Esta missa em Libras convida a comunidade surda a se sentir plenamente parte do corpo eclesial, participando ativamente de um espaço que, muitas vezes, lhe pareceu inacessível.
O padre Wilson Czaia, ao lado do padre Rafael Ferreira, serão os responsáveis por essa celebração inclusiva. Czaia, sendo o primeiro sacerdote surdo do Brasil, traz consigo a história de superação e a luta por visibilidade, servindo como exemplo para muitos. Ele não apenas celebra a missa, mas também representa o poder transformador da inclusão. Sua presença em Presidente Prudente é um testemunho vivo de que a comunicação vai além das palavras faladas; ela está na partilha, no olhar e nos gestos que tocam o coração.
 

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