Dia 27 de setembro foi comemorado o Dia Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos. É momento de observar este cenário na região de Presidente Prudente a partir dos dois hospitais que realizam captações por aqui: o HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo de Presidente Prudente e a Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente. A realidades de ambos são, neste ano, opostas.
O HR vive um 2020 positivo em relação à captação de órgãos, visto que, de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período de 2019, os procedimentos cresceram 59%, saltando de nove doações para 22. Destas, conforme a Assessoria de Imprensa do hospital, foram ofertados seis corações, oito pulmões, 15 fígados, 32 rins, 26 córneas e um pâncreas.
A Santa Casa, por sua vez, no período de janeiro a agosto, entre 2019 e 2020, registrou redução de 54,5% quanto às captações do tecido ocular humano (córneas) e estabilidade quanto às captações de múltiplos órgãos. Neste intervalo de 2020 foram captados, no hospital, três fígados e oito rins. Soma-se a esse número as captações anunciadas na última semana pela Santa Casa: foram captados o fígado, rins e córneas de um homem de 39 anos que faleceu vítima de AVC (acidente vascular cerebral). Cinco pessoas que esperam por transplante serão beneficiadas.
Conforme afirma o médico intensivista e responsável pela CIHDOTT (Comissão Intra-Hospitalar de Doações de Órgãos e Tecidos para Transplantes) do HR, Renato Ferrari, 37 anos, o hospital tem obtido índices recordes na oferta de órgãos para transplante, neste ano. “Vemos que toda essa situação que o mundo está passando [pandemia] deixou as famílias mais receptivas e solidárias. É muito gratificante saber que estamos conseguindo ajudar a salvar tantas vidas e é muito importante que as famílias mantenham esse espírito solidário, porque ainda tem muita gente à espera de um órgão para conseguir sobreviver e elas são diretamente responsáveis para que a doação aconteça", pontua.
No Hospital Regional, de acordo com o médico, há uma equipe especializada, formada pelo intensivista e três enfermeiras, que fazem busca ativa de potenciais doadores. Quando identificados, a equipe faz todo o acompanhamento para que o transplante aconteça. Desde a entrevista com as famílias até a logística para a vinda das equipes que vão fazer o transplante no receptor dos órgãos em outros hospitais do Estado. “Isso torna o processo seguro e também dá a tranquilidade para as famílias de que a doação foi feita de forma segura e confiável, seguindo todos os protocolos recomendados pelas autoridades de saúde federais, estaduais e municipais", completa.
É SEMPRE MUITO IMPORTANTE QUE NOSSOS FAMILIARES SAIBAM SE SOMOS DOADORES AINDA EM VIDA
Carlos Eduardo Bosso
A situação na Santa Casa é bem diferente. A queda das captações de córneas, evidenciada no início do texto, tem um motivo bem claro: desde março, por orientação da Central de Transplantes, as captações e transplantes de córneas (que também caíram em 59,4%, em relação a 2019) estavam suspensos. As captações e transplantes foram retomados há pouco.
“Este ano, infelizmente, regredimos muito nos transplantes e captações, principalmente no que diz respeito à córnea. A pandemia trouxe impactos diretos no processo de captação devido ao risco de contágio. Temos uma fila crescente de transplante e cada captação é muito importante para nós. Tivemos que seguir um tempo grande sem captar, com grande prejuízo aos pacientes que aguardam por transplante”, informa o coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes da Santa Casa, Carlos Eduardo Bosso.
Segundo ele, além da questão adversa e surpreendente que é a pandemia, o aceite das famílias continua sendo um desafio. “O momento de perda e luto dificulta bastante a tomada de decisão e, por este motivo, é sempre muito importante que nossos familiares saibam se somos doadores ainda em vida. Isso tira um peso enorme das costas da família no momento da doação”, enfatiza.
Foto: AI do HR
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Fotos: AI da Santa Casa
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