HR realiza 1ª captação de coração para doação

O coração e o fígado foram doados para pacientes da capital paulista, as córneas foram para a Santa Casa de Presidente Prudente, os rins e o pâncreas para OPO (Organização de Procura de Órgãos), de Marília (SP).

PRUDENTE - Victor Rodrigues

Data 09/04/2015
Horário 09:37
 

O HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, de Presidente Prudente, realizou sua primeira captação de coração para transplante, na madrugada de terça-feira. Além do coração, foram doados córneas, fígado, rins e pâncreas, que serviu para salvar a vida de sete pessoas. Os órgãos pertenciam a um paciente de Euclides da Cunha Paulista, região de Prudente, falecido por traumatismo craniano.

De acordo com Renato Ferrari, médico presidente da Comissão Intra-hospitalar de Transplante de Órgãos do HR, logo após o comunicado da morte e da autorização da família, um jato particular fretado pousou à 0h35 do dia 7 no Aeroporto Estadual de Presidente Prudente, com uma tripulação de sete pessoas: dois médicos do Incor (Instituto do Coração) de São Paulo, quatro médicos do Hospital  Albert Einstein e um representante da família do paciente que recebeu o coração. "Quase 50 profissionais, entre médicos e enfermeiros participaram do processo", comenta.

A retirada dos órgãos durou mais de cinco horas, pois o procedimento é minucioso e cada órgão é removido pelos médicos dos hospitais que atendem o transplante. Ferrari diz que a captação começa pelo coração, que é o procedimento mais delicado. "Tudo precisa ser bem sincronizado. O coração tem apenas 4 horas para ser transplantado. No momento em que o jato saiu de Prudente, outra equipe no Incor já preparava o paciente para receber o órgão. Ao chegar em São Paulo, a Polícia Militar fez escolta para que o trânsito não atrasasse", relata.

O coração e o fígado foram doados para pacientes da capital paulista, as córneas foram para a Santa Casa de Presidente Prudente, os rins e o pâncreas para OPO (Organização de Procura de Órgãos), de Marília (SP). "Os ossos também seriam doados, mas não deu certo devido a um problema de logística", expõe Ferrari.

De acordo com a equipe do Incor, o procedimento para o transplante do coração foi realizado com sucesso e o paciente, que não teve o nome divulgado, passa bem.

 

O doador


O doador é Gilberto Matos da Silva, que faleceu aos 32 anos vítima de um traumatismo craniano. Ele morava em Euclides da Cunha Paulista, na região de Presidente Prudente, e prestava serviço como motorista de caminhão para usinas. Segundo Juliana de Souza Matos, 26 anos, prima do doador e porta-voz da família, o primo saiu de casa no sábado para ir à unidade de pronto-atendimento do município, pois estava passando mal, e foi encontrado no domingo, caído, a caminho de seu destino. "Ele deve ter tido um mal súbito durante o percurso, e caiu de forma violenta. Alguém o viu lá, pediu por socorro, e ele foi levado ao Hospital Estadual de Primavera, cidade vizinha", comenta.

Ainda de acordo com Matos, a família só veio a saber sobre o estado do motorista por um acaso, no dia seguinte, pois a mãe de Gilberto, também passou mal e foi levada pelo marido ao mesmo hospital em Primavera. "Lá, ela soube que meu primo estava internado. Mas até então, os médicos diziam que ele estava em coma", explica. Matos comenta que, por oferecer melhor estrutura, o primo foi transferido para o HR de Prudente na segunda-feira, onde foram feitos exames, e ficou constatada a morte cerebral devido ao traumatismo no crânio.

"Tivemos uma perda muita grande. Quando os médicos nos fizeram a proposta em doar os órgãos, pensamos em proporcionar felicidade para outras famílias. Foi uma maneira de homenagear o Gilberto e saber que ele continua fazendo o bem", destaca a prima.


Em 2014


Como noticiado por O Imparcial, no dia 24 de novembro do ano passado, a Santa Casa de Misericórdia de Prudente também realizou uma captação de coração e teve que recorrer a um voo comercial para agilizar o procedimento. Na ocasião também foi realizada a captação múltipla de órgãos, de modo que seis receptores foram beneficiados com rins, córneas, fígado e coração. O doador foi um adolescente de 17 anos que teve morte cerebral. O procedimento ocorreu dessa forma, pois não havia possibilidade de transportar o órgão em um voo fretado, como geralmente ocorre.

 
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