Hospital de Regente Feijó ameaça fechar as portas

Da soma, um dos três diretores da instituição Ilcemir Scarabelli, justifica que para o mês de julho, foram repassados apenas R$ 50 mil e que dos gastos de agosto, recebeu apenas R$ 30 mil.

REGIÃO - Alana Pastorini

Data 19/09/2013
Horário 10:52
 

O Hospital e Maternidade de Regente Feijó ameaça fechar as portas por déficit de aproximadamente R$ 300 mil, ocasionados por falta de repasses municipais e federais. Atualmente, a crise se espalha por todos os departamentos, funcionários estão sem o pagamento do mês de agosto, dos cerca de 100 medicamentos, 35 estão em falta e os de emergência estão com estoque baixo. Amanhã, a situação será debatida entre a Promotoria do município e as partes envolvidas.

A instituição alega que a Prefeitura não está repassando corretamente o repasse do governo federal de R$ 80 mil, já que a mesma é gestora do recurso desde maio desse ano. Antes desse período, o valor era diretamente enviado à unidade. No entanto, o município fala em valores maiores, informando o montante de R$ 84.646.32. Do total, são descontados mensalmente R$ 6,6 mil de empréstimo, feito pelo hospital para reformas no laboratório. O 11° Departamento Regional de Saúde de Presidente Prudente (DRS-11), por meio da Secretaria de Saúde do Estado, confirma o repasse de R$ 80,4 mil, o desconto do empréstimo e a mudança na gestão do recurso.

Da soma, um dos três diretores da instituição Ilcemir Scarabelli, justifica que para o mês de julho, foram repassados apenas R$ 50 mil e que dos gastos de agosto, recebeu apenas R$ 30 mil. Expõe ainda que o Executivo, por subsídio próprio, repassa mensalmente R$ 20 mil à clínica, contudo, o mesmo possui uma dívida de R$ 200 mil com a entidade, desde 2012. A Prefeitura confirma a cobrança, mas não o valor reivindicado, mas garante que está regularizando a situação. Em relação ao atraso da verba federal, argumenta que a entidade entregou com atraso a relação de documentos que faltava, por isso, esclarece que uma médica está efetuando a auditoria e que, possivelmente, o restante será pago até amanhã.

"O município não tem intenção de prejudicar o hospital ou a população. Estamos pagando conforme os atendimentos e procedimentos realizados por ele", informa a advogada da administração municipal, Ana Claudia Gerbasi Cardoso. Além disso, afirma que a unidade deveria ter apresentado os documentos até 5 de setembro, contudo, o fez somente na segunda-feira.

"É uma vergonha essa situação, como vou manter os atendimentos sem recursos, tenho medo de ter que fechar as portas, mas com a atual situação do hospital, isso é uma realidade muito próxima. A casa cumpre com o seu dever, mas é preciso que outros órgãos ligados a ela também exerçam suas responsabilidades", opina.

O promotor de Justiça que participará da reunião amanhã, Rodolpho Takeshi Arakaki, não quis comentar o caso.

 

Opinião pública

Para o recepcionista Richards Almeida de Oliveira, 19 anos, a saúde pública de Regente é reflexo do descaso das autoridades políticas. "O paciente chega e não tem medicamento, então, é mandado embora. Como analisar isso? Total falta de respeito com a população", reclama. Nos últimos 20 dias, o segurança Willliam Lourenço Alves, 27 anos, vai ao hospital quase todos os dias para receber medicamentos contra dores renais. "Até agora não me negaram os remédios, mas vamos ver daqui uns dias. Essa situação de fechamento é preocupante. Quem sofrerá as consequências será o cidadão comum que precisa, e muito, do atendimento público", enfatiza.

A enfermeira do hospital, Giselle Pinheiro Barbosa Franco, conta que, fora a questão da falta de remédios, a instituição trabalha com estoques baixos dos medicamentos mais usados, como dipirona sódica, ampolas de adrenalina e até mesmo soro. "Fazemos o possível para atender a população, em alguns casos, quando há a possibilidade, trocamos o remédio ou até mesmo pedimos para que o paciente compre o item. Mas isso não é o certo", frisa.

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