Hospital de Esperança realiza procedimento cirúrgico inédito na região

Cirurgia, conduzida pelos neurocirurgiões Felipe Gaia e Márcio Rassi, durou cerca de 12 horas e removeu tumor raro e complexo localizado na base do crânio

PRUDENTE - DA REDAÇÃO

Data 30/08/2024
Horário 04:00
Foto: Cedida
Estrutura tecnológica do HE permitiu que cirurgia fosse realizada com sucesso, apesar da complexidade do procedimento
Estrutura tecnológica do HE permitiu que cirurgia fosse realizada com sucesso, apesar da complexidade do procedimento

Em um avanço significativo para a medicina neurocirúrgica no interior paulista, o HE (Hospital de Esperança), em Presidente Prudente, instituição filantrópica especializada em oncologia, realizou um procedimento cirúrgico de alta complexidade e ineditismo na região. Trata-se da remoção de um tumor raro e extremamente complexo na base do crânio, que foi conduzida pelo neurocirurgião do HE, Felipe Gaia, com a colaboração do renomado especialista Márcio Rassi, de São Paulo. 

O tumor em questão, pela sua localização e envolvimento com múltiplos nervos cranianos e estruturas vasculares cruciais, representava um desafio significativo tanto em termos de acesso quanto de remoção completa e segura. Para garantir o melhor resultado possível, os especialistas tiveram o suporte integral da diretoria do HE, que disponibilizou tecnologias de ponta. 

Para a realização da cirurgia, que durou aproximadamente 12 horas, foram utilizados recursos de última geração, como neuroendoscópio, neuronavegador, aspirador ultrassônico e monitorização eletrofisiológica intraoperatória. A realização de uma cirurgia dessa magnitude em uma instituição filantrópica é um marco, principalmente quando se considera que o HE atende majoritariamente pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). A realidade do SUS, em muitas regiões do Brasil, ainda é marcada por desafios estruturais e recursos limitados, o que destaca o investimento da diretoria do hospital em equipamentos de última geração. 

Além do impacto direto na saúde dos pacientes, a cirurgia teve uma importância acadêmica significativa. Dada a raridade do tumor – um tipo que afeta a região do forame jugular – houve também a participação prática de alunos e residentes da Faculdade de Medicina da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista)

Sobre o procedimento 

A cirurgia, conduzida pelo neurocirurgião Felipe Gaia, teve como objetivo a remoção de um tumor raro e altamente desafiador localizado na base do crânio, uma das áreas mais difíceis de serem acessadas e tratadas na neurocirurgia. "O tumor estava inserido em uma região extremamente delicada, envolvendo diversos nervos cranianos e importantes estruturas vasculares, como artérias e veias. A complexidade dessa cirurgia reside no acesso à área afetada, que exige um planejamento meticuloso e uma execução precisa. O procedimento evoluiu de forma muito satisfatória, e para isso contamos com tecnologias de ponta que são fundamentais para um resultado cirúrgico seguro", acrescentou Gaia. 

O procedimento contou ainda com a participação de Márcio Rassi, um dos principais neurocirurgiões especializados em tumores da base do crânio, que se deslocou de São Paulo para colaborar na cirurgia. “Tive a oportunidade, juntamente com o Dr. Felipe Gaia, de operar um caso extremamente complexo e, sem dúvida alguma, essa cirurgia complexa não seria possível sem a estrutura tecnológica disponível. Ela foi crucial para o sucesso da operação e para o bem-estar da paciente”, destacou Rassi. Além do suporte tecnológico, a cirurgia envolveu uma equipe multidisciplinar que se dedicou durante as 12 horas. 

Essa abordagem colaborativa foi essencial para assegurar a segurança e o bem-estar da paciente em todas as etapas do procedimento. "Não posso deixar de agradecer à equipe de enfermagem e aos funcionários, que não mediram esforços para que tudo saísse conforme programado. A colaboração entre diferentes especialidades permitiu que cada aspecto do tratamento fosse cuidadosamente monitorado e ajustado conforme necessário, desde o planejamento pré-operatório até o acompanhamento pós-operatório", destacou Gaia. 

Oportunidade de aprendizado 

A complexidade e raridade do caso também proporcionaram uma rica oportunidade de aprendizado para os alunos e residentes da Faculdade de Medicina da Unoeste, que participaram ativamente das discussões pré-cirúrgicas e acompanharam o procedimento em tempo real. 

Afinal, a prática cirúrgica em um ambiente real, com um caso tão raro, oferece uma oportunidade de aprendizado que livros e aulas teóricas não conseguem proporcionar. “Por ser um caso raro, os tumores do forame jugular são pouco comuns na prática. A abertura de portas que o Hospital de Esperança deu para os alunos da Unoeste foi fundamental. É gratificante poder compartilhar essa experiência com os futuros profissionais e contribuir para sua formação acadêmica", concluiu Felipe Gaia. 

Tecnologia de ponta 

O uso de tecnologias avançadas foi fundamental para garantir a segurança e a precisão da cirurgia. A neuronavegação permitiu mapear o cérebro em tempo real, guiando os cirurgiões com precisão. O aspirador ultrassônico é utilizado para facilitar a remoção do tumor de maneira menos invasiva, fragmentando o tecido tumoral sem danificar as áreas ao redor. 

Além disso, a monitorização eletrofisiológica intraoperatória monitoriza a atividade dos nervos e músculos, protegendo funções neurológicas vitais e minimizando o risco de complicações. Essas tecnologias são essenciais para realizar cirurgias de alta complexidade com segurança.

“Nós acompanhamos a angústia dessa paciente por mais de um ano, até que conseguimos organizar todo arsenal tecnológico juntamente com a equipe médica, enfermagem e hospital. Contamos com apoio da esquipe de psicologia também durante todo esse processo. A sensação de proporcionar a uma paciente do SUS o que temos de melhor em termos de equipamentos neurocirúrgicos, nos auxiliando na segurança pro paciente e melhor resultado é indescritível. Isso nos motiva muito a enfrentar esses grandes desafios que a profissão nos coloca frente a frente”, frisa Felipe Gaia.

Acolhimento dos pacientes 

O sucesso dessa cirurgia emblemática é um testemunho do compromisso do Hospital de Esperança com a excelência médica, oferecendo tratamentos de ponta a pacientes do SUS. “Em um cenário em que a média de gastos do SUS com procedimentos complexos muitas vezes não acompanha a evolução tecnológica, o Hospital de Esperança se destaca ao romper essas barreiras, oferecendo um serviço que rivaliza com os melhores centros médicos do país. Por isso, agradecemos à população, que confia no serviço do hospital e contribui com doações, essenciais para a realização de tratamentos de alta complexidade que demandam um custo muito elevado”, destacou a instituição. 

Além disso, a instituição também se preocupa em contribuir para a formação de uma nova geração de médicos, preparando-os para enfrentar os desafios da medicina moderna com competência e segurança. O hospital, ao unir tecnologia, educação e um atendimento humanizado, reafirma sua posição como um centro de referência em Oncologia no estado de São Paulo.

Fotos: Cedidas


Márcio Rassi é neurocirurgião em São Paulo e professor de Neurocirurgia, especialista no tratamento de tumores cerebrais e da base do crânio


Neuroendoscópios permitem ao cirurgião acessar áreas do cérebro que não seriam acessíveis sem utilização desses equipamentos


Abordagem colaborativa foi essencial para assegurar segurança e bem-estar da paciente durante as 12 horas de procedimento


Equipamento com visualização mais detalhada e precisa do campo operatório aumenta segurança e eficácia dos procedimentos


Cirurgia foi conduzida pelos neurocirurgiões Felipe Gaia (à esq.) e Márcio Rassi

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