Hepatites virais, na maioria das vezes, são assintomáticas

Especialista alerta que o diagnóstico tardio pode levar a sérios danos ao fígado e à saúde em geral

Saúde & Bem Estar - Cassia Motta

Data 24/08/2024
Horário 07:10
Foto: Reprodução
Hepatite viral: uma doença silenciosa
Hepatite viral: uma doença silenciosa

O mês de julho é definido como “Julho Amarelo”, com objetivo de alertar a população sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento das hepatites virais. Mas, especialistas afirmam que os cuidados devem ser contínuos, pois sem diagnóstico e tratamento adequados, essas doenças podem evoluir para condições mais graves. Segundo a infectologista Márcia Cristina Silva de Lima Dantas, as hepatites virais são infecções no fígado causadas por diferentes tipos de vírus. Embora existam outras causas, como hepatite autoimune e medicamentosa, por exemplo, as virais são mais comuns. 

“O vírus ataca o fígado e pode levar à inflamação, lesões e até câncer, e por este motivo as pessoas precisam sempre fazer exames para hepatites, porque podem não apresentar sintomas e, quando apresentam, podem existir complicações, que geralmente são graves. Existem vários tipos de hepatite viral, cada uma causada por um vírus diferente: vírus A, B, C D e E”, explica a médica.

De acordo com a infectologista, dentre as hepatites virais, as mais comuns são: hepatite A, B e C. As hepatites causadas pelos vírus B ou C geralmente se tornam crônicas e não apresentam sintomas, grande parte das pessoas não sabe que tem a infecção, isso faz com que a doença evolua por muitos anos sem realizar o diagnóstico. “O problema é que o avanço da infecção compromete o fígado, levando a uma fibrose avançada [cirrose] e pode também levar ao desenvolvimento de câncer no fígado, chamado de hepatocarcinoma e necessidade de transplante do órgão”.

Causas e formas de transmissão

A médica explica ainda que cada tipo de hepatite tem uma forma de transmissão:

- Hepatite A (HAV)
Transmissão: principalmente por via fecal-oral. Isso geralmente ocorre através do consumo de alimentos ou água contaminados com fezes de uma pessoa infectada. 

- Hepatite B (HBV)
Transmissão:  principalmente através do contato com fluidos corporais infectados. As formas mais comuns de transmissão incluem:
*contato sexual desprotegido com uma pessoa infectada;
*compartilhamento de agulhas ou outros instrumentos de injeção contaminados;
* transfusão de sangue contaminado (embora hoje não ocorra mais em países com triagem rigorosa);
*de mãe para filho durante o parto;
* contato com sangue ou fluidos corporais contaminados através de feridas abertas ou exposição ocupacional.

- Hepatite C (HCV)
Transmissão: principalmente através do contato com sangue contaminado. As formas mais comuns de transmissão incluem:
*compartilhamento de agulhas ou outros instrumentos de injeção contaminados;
* transfusão de sangue contaminado;
*práticas de tatuagem ou piercings não esterilizados;
*contato com sangue contaminado em ambientes de saúde;
*transmissão sexual e de mãe para filho também é possível, mas menos comum.

- Hepatite D (HDV)
Transmissão: é transmitida da mesma forma que a hepatite B.

 - Hepatite E (HEV)
Transmissão: principalmente por via fecal-oral, de forma semelhante à hepatite A.

Sintomas

A médica infectologista Marcia Lima explicou a O Imparcial que um dos maiores problemas das hepatites virais é que são doenças cujos sintomas, muitas vezes, passam despercebidos, só se manifestando quando a doença já está na forma aguda ou até que haja uma complicação relacionada. Na fase aguda, os sintomas são: febre, fadiga, dor abdominal, náuseas, vômitos, perda de apetite, icterícia (pele e olhos amarelos), urina escura e fezes claras. Na fase crônica geralmente não apresenta sintomas.

Diagnóstico

O diagnóstico de hepatite viral, segundo a infectologista, é baseado na combinação da avaliação clínica, histórico médico, exames laboratoriais sorológicos e, ocasionalmente, exames de imagem.

Tratamento 

A médica explicou ainda em algumas hepatites virais não há tratamento específico. 

- Hepatite A (HAV): Não há tratamento específico. “A abordagem geralmente envolve manter o repouso, hidratação e seguir uma dieta equilibrada. O tratamento sintomático para dor e febre, se necessário”. 
*Prevenção: A vacinação é a principal forma de prevenção contra a hepatite A.

- Hepatite B (HBV): Na infecção aguda, o tratamento envolve monitoramento e suporte, até o paciente se recuperar espontaneamente. Já na infecção crônica, inclui medicamentos para reduzir a carga viral e prevenir danos ao fígado.
*Prevenção: A vacinação contra a hepatite B é altamente eficaz e é recomendada para recém-nascidos, crianças e adultos em risco. Além disso, o uso de práticas seguras, como proteção durante relações sexuais e o não compartilhamento de agulhas, é crucial.

- Hepatite C (HCV):  Atualmente, existem medicamentos modernos, altamente eficazes e podem levar à cura da infecção na maioria dos casos.
*Prevenção: “Evitar o compartilhamento de agulhas e outros equipamentos de injeção, garantir a segurança em procedimentos médicos e odontológicos, escolher locais que tenham práticas seguras de esterilização dos instrumentos para tatuagem e piercings”.

- Hepatite D (HDV): “No caso de infecção crônica, o tratamento é focado na hepatite B, já que a hepatite D só pode ocorrer em pessoas com hepatite B”.
*Prevenção: A vacinação contra a hepatite B previne a infecção por hepatite D.

- Hepatite E (HEV): “Na infecção aguda, geralmente, não há tratamento específico e a infecção é autolimitada.
*Prevenção: Com saneamento visando melhorar a qualidade da água e a higiene alimentar para evitar a contaminação fecal-oral. “Existe uma vacina contra a hepatite E, mas está disponível principalmente em alguns países e áreas endêmicas”.

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Infectologista Marcia Lima: “O vírus ataca o fígado e pode levar à inflamação, lesões e até câncer”

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Icterícia (pele e olhos amarelos) é um dos sintomas de hepatite viral

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