Filho de mãe jamaicana, Harry Belafonte nasceu no lendário bairro do Harlem, reduto do jazz, em Nova York, no primeiro dia de março de 1927. Foi embora deste insensato mundo aos 96 anos de idade, o que não é pouco tempo. Portanto, quase um homem centenário. Nos documentos dele, o nome por completo: Harold George Bellanfanti Jr.
De vez em quando passava temporadas na Jamaica, o que aconteceu principalmente na infância. Harry Belafonte era uma grande cantor? Era. E ator? Também era bom ator e, por falar nisso, ele participou de meia dúzia de filmes, entre os quais destaco "Carmen Jones" e "Homens em Fúria", este com Robert Ryan.
Na televisão, ele apresentou um programa de sucesso. Fez tanto sucesso que Harry foi o primeiro artista negro a receber o prêmio Emmy da Primetime, considerado o Oscar da tevê. Que bom.
Talvez por ser negro, passou a ser ignorado por diretores e produtores de filmes, razão pela qual decidiu investir em sua carreira musical. Não era mais convidado para participar de filmes e de programas de televisão. Racismo, meus caros e minhas caras. Com justiça, Harry Belafonte recebeu o título de rei do calypso. Uma de suas canções de maior sucesso em todo o mundo foi "Matilda". Um arraso.
Também foi um arraso a música "The Banana Boat Song". A batida africana está presente. Canção encantadora que parece ter sido composta na Guiné. Mas é o tal negócio: a Jamaica, de Jimmy Cliff e Bob Marley, não deixa de ser uma África Caribenha. Ainda sobre este ritmo chamado calypso, convém lembrar que Paul Anka também bebeu nessa fonte. Seu maior sucesso, "Diana", é calypso de cabo a rabo. Ou mais rabo do que cabo (epa!).
Além de atuar como cantor e ator, Harry Belafonte também se destacou por seu ativismo político. Soltou os cachorros contra o racismo, sem medo e de peito aberto. Seu mentor intelectual era ninguém menos do que Malcolm X e vejam só: Harry tornou-se conselheiro do reverendo Martin Luther King.
Ele também arriscou o pescoço ao detonar George W. Bush filho, aquele que de uma só penada matou, com sua força aérea, um milhão de crianças no Iraque, detalhe não lembrado nos 20 anos da Guerra do Golfo. Harry Belafonte não estava para blá-blá-blá. Fez rasgados elogios à então União Soviética e fazia questão de elogiar o camarada Fidel Castro. Harry Belafonte, um homem imprescindível.
P.S.: Pífio e ridículo o noticiário da morte de Harry Belafonte nos telejornais. Deram algumas linhas "cobertas", sem detalhes ou curiosidades sobre o grande artista. Vergonha nacional, mas assim caminha o jornalismo hoje em dia.
DROPS
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O que os olhos não veem o coração suspeita.
Em casa onde falta pão todos gritam e fica por isso mesmo.