Há exatos 15 anos, os olhos do futebol paulista, nacional, sul-americano e mundial se voltavam para a tarde de um domingo, do 8 de março, em Presidente Prudente, da 12ª rodada do Campeonato Paulista da Série A1 2009. Além da tradicional rivalidade do Derby entre Palmeiras e Corinthians, que em 2025 completará 108 anos de história, a expectativa era grande para a presença de um dos maiores jogadores da história do esporte bretão mostrar o que era capaz de fazer em campo após meses de recuperação de sua segunda grave lesão no joelho, enquanto ainda vestia a camisa 99 do Milan, da Itália.
O final daquela peleja foi igual no tempo regulamentar, um gol pra cada lado, porém a sensação de empate com gosto de vitória no Derby era sentida pela torcida corinthiana pela primeira vez desde 1995, que vibrou quando Marcelinho Carioca, o pé de "anjo", colocou a bola de maneira sutil no barbane para empatar o segundo jogo daquela final, e, depois, caiu na festa com o título Paulista daquele ano, com gol do atacante Elivélton na prorrogação, no Estádio Santa Cruz, em Ribeirão Preto. Neste ano, 2024, em Barueri, o argentino Garro deu uma palhinha deste gosto para a Fiel. Porém, o Alviverde da Barra Funda está classificado para o mata-mata do Paulista, já o Alvinegro do Parque São Jorge não.
Todavia, no dia 8 de março de 2009, Ronaldo Luis Nazario de Lima, o Fenômeno, mostrou porque foi o maior “9” da história do ludopédio. O Corinthians, vice-líder invicto, foi dominado pelo Verdão, líder invicto daquela edição do estadual, até, aos 18 minutos da etapa final, quando se deu entrada do homem que aterrorizou o goleiro alemão Oliver Kahn em 2002 em Yokohama e, em 2009, uma famosa boate adulta local, conforme informações da página no Facebook e Instagram “Bastidores da Bola”.
Tomado por uma gripe recente, o “geraldino” da Prudentina, professor Sergio Roberto Cesário, conta que estava presente nas cadeiras do Prudentão naquele grande evento do dia 8 de março de 2009. No início desta conversa com a reportagem de O Imparcial, Cesário fez questão de frisar que naquele certame Marilia, Guarani, de Campinas, o extinto Guaratinguetá e o Noroeste, de Bauru foram rebaixados para a A2 2010. “Estive presente, sim, em como todos os grandes eventos de Presidente Prudente, ou não. Um domingo calorento, foi um dos jogos mais emocionantes de Presidente Prudente, digamos, não que tecnicamente”, pontua Cesário ao relembrar que dez dias antes o Noroeste havia mandado um jogo no, então, Estádio Eduardo José Farah contra o escrete alvinegro comandado por Mano Menezes. Naquela ocasião, contra a equipe alvirrubra de Bauru, o Corinthians venceu por 2 a 0, com gols de Douglas, o maestro “barriga de cadela”, e do operário Otacilio Neto.
“Uma semana depois, o Corinthião [sic] esteve por aqui, quando o Ronaldo fez praticamente a reestreia dele por aqui, em Prudente. O árbitro foi o Cleber Wellington Abade. Mais de 45 mil pessoas no estádio, penso que mais de 50 mil, alguns deles infiltradores que não pagaram”, resume Cesário.
No o dia 4 de março de 2009, na quarta-feira que antecedeu o feito do Fenômeno, Corinthians e Itumbiara se enfrentaram pela 1ª e única vez na história do futebol. O Timão saiu vencedor por 2 a 0 naquela noite do cerrado brasileiro, com gols do zagueiro Chicão e do lateral-esquerdo André Santos.
No final de semana em Presidente Prudente, a equipe do Palestra Itália, comandada por Vanderlei Luxemburgo, foi quem abriu o placar após uma “falha clamorosa de Felipe [o goleiro do Corinthians na época]”, diz o Sérgio Roberto Cesário. “O goleiro perdeu o tempo da bola, a bola sobrou nos pés do habilidoso Diego Souza, ele procurou um ângulo mais fácil e fez um golaço”, pontuou Cesário, ao lembrar o primeiro gol do Palmeiras naquela ocasião, aos 3 minutos do segundo tempo. Três anos depois, Diego Souza, com a camisa do Vasco, não teve a mesma sorte contra o goleiro Cássio, no 2º jogo das quartas-de-final da Copa Libertadores, em 2012.
O jornalista e narrador, Cid Júnior, pontua que estava no jogo que marcou a história do Prudentão, em 2009, como torcedor corinthiano. “O torcedor que estava no Prudentão acho que estava menos preocupado com o placar e o jogo do que realmente deveria, até porque o jogo ficou em segundo plano”, pontua Cid, ao dizer que geral estava ansiosa ao ver um dos maiores jogadores de todos os tempos dentro de campo. “Eu ainda não trabalhava como jornalista e me lembro que quando o Ronaldo foi chamado, todos dos setores verde e também amarelo, que tinha os corinthianos, vibrou. Tenho certeza que aquele torcedor palmeirense que estava lá no Prudentão esboçou pra ver a entrada do Fenômeno”, relembra Cid ao rememorar a entrada do camisa 9 do Corinthians de 2009 até a eliminação na pré-Libertadores 2011 para o Tolima, da Colômbia.
“Quis os deuses da bola, que numa bola alçada na área do Corinthians aqui no Prudentão. Olha como o futebol é irônico: o primeiro gol foi marcado de cabeça, onde não era a especialidade do Fenômeno. Eu me lembro que até eu, no meio da torcida [corinthiana], abracei gente que eu não conhecia. Estava eu e meu pai naquele dia, claro, o primeiro abraço foi no meu pai, e, depois, a gente abraçava o torcedor e foi aquela loucura e, depois, o alambrado veio abaixo, e houve aquela preocupação com a saúde dos atletas e de quem estava ali próximo do alambrado”, relembra Cid Jr. a voz dos “Invictos da Bêzinha” ao rememorar aquele 8 de março de 2009. “Não à toa tem placa no Prudentão, não à toa ficou marcado na carreira do Ronaldo porque foi ali que ele fez seu primeiro gol [com a camisa do Corinthians]”, rememora o narrador da 101 FM.
“Foi um momento especial, diferenciado e de grande motivação para todos nós. E, com isso, a nossa responsabilidade de produzir um conteúdo informativo e de prestação de serviço aumentou”, relata o jornalista Cássio Oliveira, que na época estava na equipe de “Esportes” de O Imparcial.
“Cobertura ímpar e de fôlego. Uma equipe unida, de garra, comprometida e que realizou um trabalho jornalístico de qualidade. Valeu a pena todo o esforço e sacrifício!”, pontua o jornalista. Na edição de O Imparcial da terça-feira do dia 10 de março de 2009, a manchete do caderno de “Esportes” foi a seguinte: “Ronaldo marca e salva Corinthians de derrota conta o Palmeiras”.