Causa desconforto e escândalo na comunidade as pessoas que a frequentam, professam a fé, participam dos ofícios litúrgicos, mas se negam à caridade. Gente “de bem”, mas acomodada às suas próprias coisinhas, sem nunca se interessar pelo outro. Um sintoma daquilo que o papa Francisco denunciou como a “globalização da indiferença”. Estamos em rede, nos comunicamos com o mundo, mas desconhecemos aquele que está ao nosso lado. Os seguidores de Jesus deveriam atentar para o seu alerta: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor!’, entrará no Reino dos céus; mas somente o que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21). Se cremos em Deus, temos que fazer aquilo que Deus pede: devemos guardar os seus mandamentos. A sua palavra não é vazia e não volta para Ele sem antes ter cumprido em nós uma ação fecundante.
Ainda ressentimos aquela catequese feita cheia de proibições sem motivações positivas e claras. Daí tantos cristãos vivam de “fazer isso” e de “não fazer aquilo”. E quantos se deixam contaminar pela crítica externa de que os mandamentos são um peso e apenas impedimentos para a vida. Melhor viver de costas para eles –pensam– e então serão livres. Entretanto, os mandamentos do Senhor não são como obstáculos numa corrida, senão a expressão do seu amor e sabedoria infinitos. “Poderíamos dizer que a lei de Deus é simplesmente um folheto de instruções que acompanha o nobre produto de Deus que é o homem” (Leo J. Trese). Fomos feitos para amar a Deus aqui e na eternidade. Este é o fim da nossa existência, nisso encontramos felicidade.
“Se me amais, observareis os meus mandamentos”, disse Jesus (Jo 14,15). A lei de Deus que rege a conduta humana é a moral, e esta atua no marco do “livre arbítrio”; o homem age em liberdade. Embora não devamos, podemos desobedecer, afinal, somos obrigados moral e não fisicamente. Aqui o preceito moral e justo é aquele que obedece a lei natural. Partindo do princípio de que amar significa não ter em conta o que as coisas custam, obedecer à lei de Deus não é um sacrifício para quem o ama. Assim, temos que os dois principais mandamentos são um só: amar – a Deus e ao próximo. Tanto quanto Deus nos ama, podemos e devemos amar a Ele e aos outros. Exercitar-se na caridade, sempre. “Se queres entrar na vida, guarda os mandamentos” (Mt 19,17).Sejamos misericordiosos como o Pai é misericordioso e atentemos para a vivência operosa da fé, pois é com esse critério que ao final seremos julgados (cf. Mt 25,34-40).
Seja bom o seu dia e abençoada a sua vida. Pax!!!