Em algum momento, o luto fará parte da trajetória de vida das pessoas. Entretanto, nem todas conseguem encarar a nova realidade quando ele acontece. Pensando nisso, o Grupo Athia criou o projeto "Ressignificando vidas" com o intuito de oferecer um canal de construção de significados, apoio e de fortalecimento para atravessar o processo de perda. Com encontros semanais, grupos de pessoas enlutadas contarão com acolhimento, suporte psicológico e orientações, além de terem espaço para compartilhar sentimentos e ouvir histórias em busca da superação da dor.
"Fazemos o convite ao familiar mais próximo do ente falecido para que possa participar do grupo e diluir um pouco essa dor, além de buscar informações durante esses encontros que serão feitos uma vez por semana, no período de 30 dias", explica a supervisora do Departamento da Central de Atendimento ao Cliente do Grupo Athia, Alexsandra Silva.
Totalmente gratuito aos beneficiários do Grupo Athia, o projeto não abordará somente o luto durante as rodas de conversa. "É o momento de acolher a família e direcionar diante das necessidades mapeadas. Há 20 anos, o Grupo Athia tem um trabalho de cuidar das pessoas em todo esse processo. Com todas as informações necessárias, é realmente direcionar as famílias que estão vivendo esse processo de luto durante a abordagem", frisa.
Capacitada em abordagem às famílias enlutadas e com experiência acumulada em uma década de escutas, a psicóloga Cláudia Molina será a responsável pela condução dos trabalhos. A profissional destaca que serão utilizadas várias ferramentas de estímulos durante as conversas, atendendo diversas formas de perdas, como aquelas ocasionadas por acidentes, doenças, entre outras.
"O grupo oferece uma experiência emocional para diversos tipos de luto. É um trabalho que não pode ser invasivo, pois temos que ir no tempo de cada um. O trabalho visa acolher, dar o suporte e ferramentas sobre a questão emocional e, por fim, um direcionamento para a continuidade da vida de alguma forma após a perda", pontua.
Segundo ela, os participantes conseguem sair mais fortalecidos para continuar a vida, apesar da perda, por meio da ressignificação sobre a morte e maior autopercepção. "Dentro do grupo, trabalharemos com vários estímulos de pensamentos, com ferramentas audiovisuais e desenvolvimento de dinâmicas. A base são a conversa e a troca de experiência. O que acontece dentro do grupo é que as pessoas vão se apoiando. Como todas passaram por experiências parecidas, apesar de ser algo bem individual, há um movimento de união e familiarização na divisão dessa dor", detalha.
"A ideia do grupo terapêutico é justamente aproveitar essa experiência que todos estão vivenciando, da perda, para trabalhar como ferramenta de vitalização. O objetivo é tornar esse grupo mais forte emocionalmente ao falar sobre o luto. Ainda temos muitos tabus sobre a morte, as pessoas não querem falar sobre isso. E o grupo tem como proposta exatamente o contrário ao sugestionar a abordagem sobre o assunto, entrando em contato com esse sofrimento para passar por essa fase e ressignificar com outra forma de compreender a partida".
De acordo com a psicóloga, as pessoas ficam "perdidas" em suas rotinas diárias durante o período de luto. Desta forma, há a necessidade de reorganizar a vida. "Essas pessoas [que partiram] continuam vivendo entre a gente. Então, buscaremos fornecer uma estrutura para que essas pessoas possam aproveitar esse encontro. Ajudaremos os participantes a reorganizar a vida e continuar vivendo bem, apesar da perda do ente próximo", fala.
Todos os meses, a Central de Atendimento ao Cliente fará um levantamento das famílias que poderão participar do projeto, respeitando sempre um tempo mínimo de 30 dias após o luto. "Justamente para considerar esse momento da perda. Após esse tempo, vamos entrar em contato com a família para explicar sobre o projeto e o que vamos oferecer. Serão dois grupos, sendo os participantes direcionados pela nossa psicóloga", diz Alexsandra Silva.
"Caso o beneficiário não possa ou não queira ir no primeiro encontro, ele poderá participar da segunda reunião sem obstáculos. Pois cada encontro é único. Se não for neste momento, o familiar seguirá como convidado ativo e atenderemos a família no mês seguinte", frisa a supervisora.
Os encontros serão às terças-feiras, a partir das 14h, com início no dia 5 de novembro. Com 1h30 de duração, as rodas de conversa serão realizadas em espaço especialmente preparado no CCA (Centro de Convivência Athia). "Será em um ambiente aberto, de tranquilidade, mas restrito aos participantes e equipe de trabalho do projeto. E, todo mês, serão formados novos grupos", finaliza.
O Centro de Convivência Athia está localizado na Rua Maestro Francisco Fortunato, 575, Jardim Bela Daria. Mais informações podem ser obtidas por meio do telefone 2101-5555.