Conforme já havia sido alertado na segunda-feira, o transporte público de Presidente Prudente ficou 100% paralisado hoje e a expectativa é de que a greve da categoria se mantenha amanhã e, eventualmente, nos próximos dias, até que a Prudente Urbano realize o pagamento dos salários e ticket alimentação em atrasos, conforme informado pelos grevistas à reportagem de O Imparcial.
“Estamos desde as primeiras horas do dia aqui parados e a empresa sequer nos procurou para negociar. Enquanto não recebermos todo o valor em atraso, não voltaremos atrás da nossa decisão", afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Terrestres de Presidente Prudente e Região, Wagner Schiavão.
Ele comenta que, por causa da pandemia, a empresa, em acordo com os trabalhadores, reduziu o ticket por quatro meses, de R$ 500 para R$ 250, de forma que, em agosto, esse valor já deveria voltar a ser pago de forma integral. No entanto, segundo Wagner, a Prudente Urbano teria proposto a manutenção do acordo por mais quatro meses, o que não foi aceito pelos funcionários. “A empresa então pagou R$ 500 naquele mês, apenas R$ 250 em setembro e não realizou o pagamento até hoje do valor de outubro, que deveria ser dia 20, ou seja, cada trabalhador tem R$ 750 a receber em atraso”.
Em relação aos salários, o presidente comentou que, mesmo com eventuais atrasos, o pagamento ocorre sem grandes problemas. “Essa situação é desgastante. Tem relatos de funcionários que estão passando necessidades em casa, e nada é feito para mudar isso”, finalizou Wagner.
Em nota, a Prudente Urbano afirmou que lamenta os transtornos gerados pela paralisação na operação no início da manhã, em razão da greve de seus funcionários com a presença do sindicato no portão da empresa desde a meia noite de hoje, impedindo a saída dos ônibus. “A concessionária do transporte público municipal, desde o início da pandemia, não mediu esforços para a manutenção do transporte e pagamento prioritário dos salários de seus funcionários”.
Porém, ressaltou que a queda expressiva de passageiros e a ausência do cumprimento do contrato pela Prefeitura impossibilitaram toda e qualquer possibilidade de evitar a greve nesse momento, embora tendo buscado constantemente diálogo com a categoria em conjunto com a Prefeitura.
“É com grande tristeza que a Prudente Urbano informa que, apesar de todo esforço em negociação com a Prefeitura e sindicato, até o momento, nenhum ônibus pode sair da garagem e a ausência do transporte público, serviço essencial ao cidadão, é impedido de ser prestado à população”.
A Prefeitura informa que tomou medidas a fim de colaborar com a Prudente Urbano para que a empresa mantivesse seus pagamentos em dia, como postergação do pagamento do ISS (Imposto Sobre Serviço) e da outorga. Afirma que, juntamente a empresa e ao sindicato durante reunião ocorrida nesta segunda-feia, se comprometeu a buscar medidas legais para colaborar ainda mais com a empresa. Entretanto, o município esclarece que "injetar dinheiro na empresa requer autorização judicial e/ou até mesmo do poder Legislativo, ou seja, demanda de questões burocráticas".
"O poder público entende que trata-se de um serviço de concessão e que tem corresponsabilidade e segue atuando para resolver os transtornos causados à população o mais rápido possível", aponta.
A Prefeitura reforça que "entende e respeita a luta dos trabalhadores que buscam o cumprimento de seus direitos, entretanto, ressalta que, com a Lei Federal 7.783 de 1989, esta é uma greve ilegal, uma vez que a empresa tem de manter 30% da frota circulando pela cidade por se tratar de um serviço essencial".
Diante de tal conduta, a fim de manter o direito de ir e vir do cidadão, a Prefeitura publicou um decreto que autoriza, enquanto perdurar a greve, que motoristas de transportes por aplicativos, taxistas, mototaxistas e até mesmo condutores de vans escolares façam paradas nos pontos de ônibus para embarque e desembarque de passageiros.