Como uma das maiores Copas do Mundo, das muitas que assisti, chega ao fim a de número 21, a da Rússia, que teve ainda a oportunidade de revelar aos olhos do mundo um país até então surreal e só conhecido em verdade pela extraordinária qualidade de seus grandes romancistas e pelas canções como Olhos Negros ou os Barqueiros do Volga. Além do negro período do regime comunista (1917/1989). A Rússia realizou um dos maiores mundiais de todos os tempos e como nas Olimpíadas de 1980, mesmo que boicotada pelos norte-americanos e canadenses vai deixar em todos nós aquela lágrima de saudade da mascote, o ursinho Misha. Não só belos estádios, mas até uma seleção que foi bem mais longe do que os próprios russos dela esperavam. Além do mais uma final inédita entre França e Croácia que pode transformar em C-9 a elite do futebol mundial resumido a oito países campeões até hoje.
A Iugoslávia, ainda nos tempos em que o Marechal Tito conseguiu manter a unidade de Sérvia, Eslovênia, Croácia, Bósnia Herzegóvina e Montenegro montava grandes seleções e era nomeada como “os brasileiros da Europa”. No entanto, naquela seleção que tinha um ponteiro esquerdo de nome Dragan Dzajic e que era o terror do nosso Djalma Santos a presença de croatas no time era o que havia de melhor. Boban, Prosinecki, Davor Suker, entre outros. As horrendas guerras étnicas desmembraram a Federação Iugoslava após a morte de Tito e a Croácia formou sua própria seleção e em 5 disputas de Copas do Mundo mostrou já na primeira sua força e capacidade. Foi terceira em 1998 na França e Davor Suker, hoje dirigente de seu futebol foi o artilheiro daquele mundial. Mostrou ao mundo o lateral Jarni, cracaço.
A França, campeã ao vencer o Brasil na final, aquele jogo em que Ronaldo teve o tão comentado piripaque até hoje não totalmente explicado. A Croácia caiu na semifinal fruto dos gols de Liliam Thuram, um dos muitos franceses vindos de muito longe da França, de Guadalupe, no Caribe e herói, juntamente com Zidane, de ascendência argelina daquele mundial que os gauleses tanto comemoram. O futebol da França continua sendo defendido pelos seus colonizados. Seu craque nesta Copa é o menino Kylian Mbappé, de 19 anos e filho de pais camaroneses.
A Croácia, porém, é genuinamente formada por gente do país, embora jogue em todas as partes do mundo. Mantém sua forma e estilo. República Hrvatska é o nome do país em seu complicado idioma e lá estão Modric, Privarick, Hakitic e outros de alta cotação em toda a Europa. O futebol da França é mais leve e veloz. O da Croácia é de mais raça e determinismo. A Croácia vem cansada depois de 3 prorrogações e a França ainda teve um dia a mais de descanso. Com tudo isso será uma grande final para uma grande Copa.