Golpes que envolvem o aplicativo de mensagens WhatsApp são práticas que vêm sendo utilizadas com bastante frequência pelos estelionatários. Em Presidente Prudente, a CPJ (Central de Polícia Judiciária) investiga diversos casos que foram registrados em boletins de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil.
Uma das vítimas foi a advogada Barbara Roberta Trojillo Pereira, que teve a lista de contatos invadida por uma pessoa desconhecida.
“Era um domingo à noite quando meu pai me ligou e perguntou se eu havia trocado de número, e eu disse que não. Então, ele relatou que haviam mandado uma mensagem em meu nome, dizendo que havia trocado de número e que era para anotar o novo contato”, explica.
De acordo a advogada, o pai ficou desconfiado porque eles haviam passado o dia inteiro juntos e ela não havia comentado nada. Já sabendo de que se tratava de um golpe, Bárbara o orientou a responder a mensagem com um “oi”, o que abriu portas para que o estelionatário continuasse com a conversa até que pediu depósito de dinheiro para uma conta que não era a dela.
A foto do perfil e o nome eram os mesmos que a advogada utiliza em seu aplicativo. Porém, quando os amigos passaram a denunciar a conta, no dia seguinte o nome já havia mudado, mas a foto permanecia.
Devido à agilidade em comunicar aos contatos sobre o crime, o golpe em seu nome não foi concretizado. Um boletim de ocorrência foi registrado e a advogada aguarda os procedimentos da Polícia Judiciária. Ela diz que não faz ideia sobre como conseguiram acessar sua lista, pois não se recorda de ter clicado em links suspeitos.
“Mesmo com verificação [de acesso ao aplicativo] em duas etapas, conseguiram acessar todos os meus contatos. Agora, já troquei as senhas de tudo”, afirma.
E é justamente a troca de senhas que deve ser levada em conta quando há uma invasão cibernética. De acordo com o advogado Diego Gomes da Silva, que também já teve um perfil falso em seu nome, é importante criar senhas mais seguras, principalmente se teve o dispositivo invadido.
“Eles agem silenciosamente por meio de aparelhos eletrônicos, computadores. Então, temos que tomar muito cuidado com todos os links que a gente clica, porque querendo ou não pode redirecionar para esses estelionatários”, explica.
Outra dica é acessar as configurações do WhatsApp e optar pela verificação de acesso em duas etapas, a fim de dificultar a invasão. Ainda, retirar os substantivos “pai, mãe, irmão, etc” dos nomes dos contatos, para não facilitar a procura na lista.
Quando souber que está sendo vítima de qualquer tipo de golpe online, a orientação do advogado é guardar os prints (capturas da tela), o número de telefone e, caso tenha feito algum depósito ou transferência bancária, guardar os extratos.
Reprodução/Whatsapp - Dica é retirar os substantivos “pai, mãe, irmão” da lista de contatos
Em Prudente, ao menos 25 advogados tiveram a lista de contatos invadida. De acordo com o presidente da 29ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Presidente Prudente, Wesley Cotini, desse total, uma pequena parcela teve o número do celular clonado, e os demais, a foto e nome estavam sendo utilizados em outro número, mas com a lista do celular.
“A gente ficou assustado porque temos um grupo de WhatsApp e percebemos que ocorreu com frequência”, afirma.
O presidente chegou a entrar em contato com a Polícia Civil, onde recebeu orientações e repassou aos advogados sobre os procedimentos seguintes.
“A OAB está monitorando no sentido de dar suporte ao advogado, publicando em redes sociais [quando algum deles é vítima] e apoiando para fazer boletim de ocorrência. Vimos que não só apenas os advogados, mas a sociedade no geral está sendo vítima”.
SAIBA MAIS
Conforme o artigo 171 do Código Penal, é considerado estelionato quando utilizam de algum meio golpista para se obter vantagem econômica. Por meio da Lei 12.737 de 2012, foi incluído o artigo 154-A que, quando se tratar da invasão de dispositivo informático, seja computadores, celulares, e for comprovado o prejuízo econômico para a vítima, a pena será aumentada. Ou seja, uma vez que o crime cibernético tem detenção de três meses a um ano, será acrescentado mais 1/6.