O golpe do Pix está se tornando cada vez mais comum, principalmente por conta da popularidade e rapidez desse sistema de pagamento. O Pix revolucionou as transações financeiras no Brasil, trazendo facilidade, mas, com essa novidade, surgiram também novas modalidades de golpes, que vêm crescendo em Presidente Prudente.
Segundo um levantamento feito pela CPJ (Central de Polícia Judiciária), os golpes de estelionato registrados na cidade, que incluem os golpes aplicados através do PIX, foram 3.596 de janeiro a outubro de 2023. No mesmo período de 2024 foram registrados 3.328 estelionatos.
Os golpes mais comuns, segundo o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), incluem a clonagem do Whatsapp, falsa central de atendimento, robô do Pix, Pix falso e golpe do Pix errado, sendo que todos envolvem enganar a vítima para conseguir dinheiro ou informações pessoais.
O advogado especialista em direito do consumidor, Marcelo Cezário, de Presidente Prudente, dá algumas orientações para a pessoa se prevenir contra os golpistas. Ele diz que qualquer pagamento deve ser feito sempre carregado de uma grande dose de prudência, devendo o pagador conferir todos os dados do beneficiário antes de efetuar a transação, pois, depois de efetuado um Pix, embora seja possível contestá-lo, é muito difícil revertê-lo.
“O usuário deve evitar fazer transações financeiras, inserindo dados pessoais e dados bancários, em lan houses, cyber cafés, computadores ou redes públicas de wi-fi, pois as máquinas podem não estar adequadamente protegidas, facilitando o acesso de informações sensíveis por pessoas não autorizadas. Enfim, use apenas o site ou o aplicativo do seu próprio banco. Aliás, ter uma senha do aplicativo do banco mantida em segredo e atualizada também é importante”.
O advogado alerta ainda que fazer transferências para amigos ou parentes somente depois de confirmar o pedido pessoalmente ou por ligação. Também é importante evitar links que pedem sincronização da conta ou atualização de token/cadastro, assim como links recebidos por SMS, e-mail ou redes sociais. “Para que intermediário se posso fazer a transferência direto para o beneficiário?”.
Marcelo explica que o banco não tem o dever de ressarcir um cliente que caiu em algum golpe do Pix. “Todavia, o banco pode e deve sim ser responsabilizado quando ocorrer falha na prestação de serviços de segurança, por exemplo, uma conta bancária foi aberta [normalmente do beneficiário do Pix] sem as devidas cautelas, sem a documentação mínima necessária do correntista”.
Ficou com dúvida ou desconfiou de alguma coisa? Não deposite. Não faça o Pix. O advogado orienta para conferir novamente, ligar, perguntar. Porém, se mesmo assim o usuário perceber que caiu em um golpe, ele deve imediatamente entrar em contato com o banco e informar sobre o valor e a natureza do golpe, assim como deve registrar um boletim de ocorrência na polícia, lembrando que o Banco Central criou um mecanismo especial de devolução, que visa possibilitar o estorno de valores em caso de transferências irregulares.
“A pessoa tem um prazo para registrar o pedido de estorno do Pix, enquanto o beneficiário [recebedor] dos recursos tem até 30 dias para contestar o pedido de devolução, lembrando que o valor do recurso deverá ser bloqueado até a solução do caso”, explica o especialista.
Conheça abaixo algumas das modalidades de estelionato via Pix:
Clonagem do Whatsapp
Neste golpe, os criminosos clonam o Whatsapp de uma pessoa e entram em contato com seus amigos e familiares, pedindo dinheiro com urgência;
Falsa central de atendimento
Neste tipo de armação, os golpistas se passam por funcionários de bancos ou instituições financeiras, alegando problemas na conta e pedindo dados pessoais e senhas. Eles podem ligar ou enviar mensagens que parecem autênticas, criando um senso de urgência para enganar a vítima;
Robô do Pix
Os criminosos fazem contato por mensagens ou anúncios nas redes sociais, oferecendo oportunidades de investimento com retornos altos e imediatos. Para participar, a pessoa deve fazer um Pix para uma conta indicada pelos golpistas. Após receberem o dinheiro, os golpistas cortam o contato e desaparecem com o valor;
Pix falso
Neste golpe, o golpista envia um comprovante de Pix falso, alegando ter feito um pagamento. A vítima, acreditando que o valor foi creditado, libera o produto ou serviço antes de verificar a transação;
Pix errado
Neste tipo de fraude, o golpista envia um Pix para a vítima, e em seguida entra em contato alegando que foi um erro e pedindo a devolução do valor. O golpe ocorre porque os golpistas contam com a boa-fé da vítima para devolver o dinheiro, pedindo um valor maior do que inicialmente enviado, acelerando e confundindo a pessoa e fazendo com que ela devolva um valor superior;
