O mundo está passando por transformações sem precedentes com a disseminação de novas tecnologias, o que tem exigido também que as pessoas se atualizem permanentemente em seu ramo profissional e desenvolvam a habilidade de mudar de atividade laboral. Talvez seja por isso que eu esteja diante de uma geração muito diferente daquelas que convivi. O meu pai trabalhou na mesma empresa por 35 anos. Eu segui os mesmos passos. Depois de passar por diferentes escolas da educação básica, cheguei na UNESP em 1990 e cá estou todos esses anos. A juventude de hoje muda de emprego e de ramos profissional com muita velocidade! Também não é por menos. Em 2022, o Fórum Econômico Mundial realizou um estudo para avaliar as transformações no mercado de trabalho previstas para ocorrer entre 2023 e 2027. O estudo avaliou de que forma mudanças nas atividades produtivas, na estrutura das empresas e dos Estados, decorrentes ou não do surgimento de novas tecnologias, impactariam o mercado.
Conforme esse estudo, em escala global, as áreas de atuação profissional que devem crescer em número de vagas são as de inteligência artificial, sustentabilidade e inteligência de mercado. Na atualidade, a inteligência artificial já está sendo aplicada, por exemplo, no processamento da linguagem humana para a interação entre os computadores e as pessoas, na análise de exames médicos, na realização de previsões para o mercado financeiro e no gerenciamento de processos de produção industrial. Por sua vez, a necessidade de desenvolvimento de uma sociedade sustentável tem ocasionado a criação de cargos técnicos, de gerenciamento e de desenvolvimento de pesquisas na área da sustentabilidade, tais como gerentes de sustentabilidade, engenheiros ambientais e gestão de resíduos.
Mas nem tudo são flores. De acordo com as projeções, 14 milhões de empregos deixarão de existir entre 2023 e 2027, o equivalente a um encolhimento de 2% do mercado de trabalho! E um subproduto desse processo é a formação da chamada geração nem-nem. Ela é composta por jovens que não estão estudando, nem trabalhando. Calcula-se que no Brasil a geração nem-nem seja constituída por cerca de 5 milhões de jovens, especialmente mulheres e negros. Eles não se encaixam no mercado de trabalho em rápida transformação e não se identificam com a escola que está aí.
Tenho pensado bastante no imenso trabalho da escola com toda essa gente daqui para frente. Onde vocês estão? Quais são seus sonhos? Afinal, ser jovem é acreditar na transformação do mundo....