Há uma forte tendência de crescimento na criação de gatos como animais de estimação. Como todo pet, gatos necessitam de cuidados, especialmente alimentação, vacinação e vermifugação. Como todo felino, os gatos possuem o hábito de caçar, mesmo que não comam a presa. O que muitos tutores não sabem é que seu gato pode estar em risco ao ingerir calangos e lagartixas.
Esses pequenos lagartos transportam um parasito (Platynosomumconcinnum) que causa a platinossomose, uma doença que pode ser fatal. Ao ingerir a lagartixa, a forma imatura do parasito migra do intestino para o fígado, evolui para a forma adulta e completa o ciclo no seu hospedeiro definitivo, o gato. Os parasitos adultos podem obstruir os ductos biliares, causando inflamação do fígado incluindo os ductos biliares (colangiohepatite). Menos comumente, o parasito migra para o pâncreas e causa pancreatite.
Os sinais mais comuns da doença são inespecíficos e incluem perda de apetite, apatia, vômito e diarreia, mas alguns gatos podem ser assintomáticos. O parasito, porém, libera substâncias que podem causar lesões crônicas, e levar à cirrose ou até mesmo câncer hepático (hepatocarcinoma). O amarelamento da pele e das mucosas (icterícia) é o sinal que mais chama atenção na platinossomose e pode ser reflexo de obstrução e perda da função hepática, que pode levar o gato à morte.
Outras doenças podem causar icterícia, daí a importância da visita ao médico veterinário para realização de diagnóstico diferencial. A doença é diagnosticada pela detecção de ovos do parasito em exame de fezes. A ultrassonografia e o exame bioquímico de sangue são exames complementares e servem para avaliação da função hepática. O tratamento da doença consiste na vermifugação e o sucesso dependerá do grau e da extensão dos danos causados ao fígado.
Em casos mais graves, pode ser necessária a prescrição de outros fármacos e até mesmo de intervenção cirúrgica para desobstrução das vias biliares. Nos gatos que têm acesso à rua, a prevenção da doença é uma tarefa praticamente impossível. A platinossomose pode ser uma “doença silenciosa”, por isso a visita periódica a um médico veterinário é a melhor maneira de prevenir os casos graves.
